20 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, Sr. Deputado, não há qualquer dúvida: esses encargos sobre o
capital financeiro aumentaram significativamente nestes dois anos, através das decisões que o Governo
propôs a esta Câmara. Portanto, a sua questão cai por terra.
Diz o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa que queremos disfarçar esta matéria que nos obriga a encontrar
poupanças permanentes até 2,5% do PIB, nos próximos dois anos. Volto a dizer, para não repetir os debates
que temos travado e para que as pessoas, lá fora, não pensem que temos um prazer particular em reeditar os
mesmos argumentos e as mesmas discussões, que a poupança estrutural que o Governo precisa de encontrar
no País é essencial para que as nossas metas para o défice possam ser cumpridas.
Precisamos, por um lado, de mexer no denominador da equação, que é o potencial de crescimento da
nossa economia a fim de aumentar o produto gerado pela economia, e, por outro lado, de diminuir a pressão
que, no numerador, a despesa pública exerce sobre essa capacidade do Estado.
Protestos do Deputado do PS Pedro Nuno Santos.
Ora, se não contivermos as despesas, Sr. Deputado, não seremos capazes de inverter a situação de crise,
não criaremos condições para que a economia gere empregos, não conseguiremos, portanto, ultrapassar as
dificuldades.
Sr. Deputado, é o que o Governo faz! Mas sabemos que o Partido Comunista tem, sobre isto, uma posição
diversa.
Protestos do PCP.
Já o reafirmámos aqui, várias vezes: eu respeito a posição do Partido Comunista, mas discordo dela!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Por isso é que o senhor tem de ser demitido!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Compreenda o Sr. Deputado que, se não concordo com essa posição, embora
a considere muito respeitável… E não concordo, já aqui o disse e repito, porque considero que essa
alternativa é muito pior para o País. Não é que não seja uma alternativa, mas é muito pior para o País e
causará muito mais dor social no País. É por isso que não concordo com ela.
Ora, concordando que há uma alternativa, que é pior, mas, não a querendo eu tomar, não pode o Sr.
Deputado esperar que, depois, tome as decisões que o Partido Comunista tomaria se fosse Governo, isto é:
não respeitar o quadro das nossas obrigações externas e criar um colapso de funcionamento à economia!
Protestos do PCP.
Isso, haverá de concordar, eu não posso fazer! E não acredito que o Sr. Deputado esperasse que o
Primeiro-Ministro pudesse fazer a política do Partido Comunista no Governo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria começar por lhe dirigir um apelo
— bem sei que é uma forma original de começar o debate quinzenal.
O apelo é muito simples: pare de fazer de nós todos parvos! Pare de tomar os portugueses por tolos! Deixe
de responsabilizar o Tribunal Constitucional por todos os problemas que foram criados apenas e com a
exclusiva responsabilidade do seu Governo.
O Sr. Primeiro-Ministro anda a falar, desde o verão de 2012, nos cortes estruturais de 4000 milhões de
euros. A sétima avaliação da troica está por concluir há 55 dias e, entre o início dessa avaliação e o acórdão