3 DE MAIO DE 2013
9
O Governo está a propor, ainda, mais cortes para o futuro — cortes nas funções sociais do Estado, cortes
nos salários, nas reformas, nos direitos e nos serviços públicos. Tudo isto é o caminho para uma profunda
injustiça social, mas tudo isto é, também, o caminho para mais recessão e para mais afundamento do País.
Admite-se, pode compreender-se, quando há 1,5 milhões de desempregados, quando estão a expulsar
centenas de milhares de jovens do País porque não têm emprego e emigram, que a solução seja aumentar a
idade da reforma, contribuindo ainda mais para aumentar o desemprego?! É evidente que isto não é solução,
que é um caminho de retrocesso!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — O mesmo se passa em relação aos direitos e aos salários. Para haver
emprego é necessário melhores salários e mais direitos. É esse o caminho que aumenta o poder de compra,
que promove a justiça social, é esse o caminho capaz de apontar uma perspetiva de desenvolvimento e de
justiça social, é isso que comprova também a importância das propostas que trazemos hoje, aqui, de uma
política e de uma alternativa patriótica e de esquerda.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Reis, do PSD.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Com o título «Por uma política
alternativa que resgate o País do declínio económico e social», o PCP apresenta um projeto de resolução que
dá matéria a este agendamento potestativo.
Relativamente a partidos da oposição com maior representação na sociedade, o PCP costuma ser mais
concreto nas medidas que propõe. No entanto, peca pelo exagero, ou pelo defeito, se preferirem, na sua
postura:…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Por exagero ou por defeito?!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — … é que, por muito que este ou outro Governo fossem incompetentes, alguma
coisa haveria de acertar.
Ora, mesmo quando há medidas que até vão ao encontro de preocupações ou propostas que já foram
apresentadas pelo próprio PCP, isso nunca é reconhecido, há sempre um «mas». E com isso, ao não
reconhecerem que por vezes, ainda que excecionalmente, as medidas até podem ser positivas, do prisma
ideológico em que as observam não são capazes de avaliar o mérito das mesmas ou até os resultados que
com elas se alcançam.
Mas talvez valesse a pena analisar com maior detalhe as propostas apresentadas neste projeto.
Pretende o PCP a renegociação imediata da dívida pública. Vale a pena recordar que este Governo, ainda
recentemente, conseguiu uma extensão do prazo de pagamento da componente europeia do empréstimo da
troica por mais sete anos sem que isso implique um aumento das taxas de juro.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso não é nenhuma renegociação!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Foi este Governo que conseguiu poupar 800 milhões de euros em juros da
dívida e que conseguiu baixar as taxas do empréstimo da troica, negociadas pelo anterior Governo num valor
médio acima dos 5%, para um valor entre os 3% e os 3,2%,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — … valor que, diga-se, ao contrário do que alguns ainda insistem, é
precisamente o mesmo concedido à Grécia ou à Irlanda.