I SÉRIE — NÚMERO 84
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Portanto, esta é a grande questão e é esta a urgência de interromper
esta política e de a substituir por uma que resolva os problemas do desenvolvimento do País, do progresso
social, dos serviços públicos e da soberania nacional.
O Sr. Deputado pergunta: onde é que se vai buscar o dinheiro? Não, não podemos cortar nas funções
sociais do Estado, no investimento para o desenvolvimento e para a criação de emprego, porque os cortes que
estão a ser feitos (e que vão ser feitos) significam injustiça, dificuldades, mais recessão económica e mais
afundamento.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Há sítios onde se pode cortar, mas aí não se corta, porque a estratégia
que o Governo pretende seguir é a de beneficiar os grandes grupos económicos e financeiros. É o caso das
parcerias público-privadas e dos swaps — cortes a sério!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Portanto, taxação aumentada para os lucros dos grandes grupos
económicos e financeiros e cortes nos juros. É insuportável Portugal pagar mais de 7000 milhões de euros de
juros por ano! Tem de se cortar aí e, por isso, a questão da renegociação da dívida.
Qualquer país soberano, que tenha em conta os interesses do seu povo, tem o direito de dizer «não» a
uma dívida, em grande medida ilegítima, e tem o poder de o fazer, como muitos exemplos há pelo mundo!
O que estamos a propor não é inédito, foi aplicado — nunca nos cansaremos de o dizer — à Alemanha, a
seguir à Segunda Guerra Mundial!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — São essas condições que nós queremos aplicadas hoje ao nosso País.
É o único caminho realista para o futuro.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Sr. Deputado Mota Andrade, as questões que colocou levantam um
problema essencial que o PS tem de clarificar. O compromisso que o PS continua a ter com a política de
direita e com o pacto de agressão — o Memorando assinado com a troica — leva o PS a continuar a estar
associado a esta política de desastre.
Disse que o Memorando não é o mesmo, mas o Memorando inicial previa que, de três em três meses, seria
alterado, poderia ser acrescido. Portanto, o que está a ser aplicado é a consequência daquilo que os senhores
negociaram!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — E o pacto de agressão, o Memorando da troica é a continuidade da
política dos PEC. É o PEC 4 desenvolvido, é a continuação dessa política, e é essa política que tem de ser
rejeitada.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Finalmente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, as questões que colocou
são de grande pertinência.