I SÉRIE — NÚMERO 86
6
Em Portugal, este Governo assumiu dois compromissos que herdou do Memorando de Entendimento,
assinado em maio de 2001: por um lado, garantir a concretização da liberalização plena do setor com a
transposição da terceira diretiva postal e, por outro, a privatização dos CTT, que permitirá um encaixe
financeiro relevante, gerando valor aos seus clientes e utilizadores, na defesa do interesse dos cidadãos.
Um primeiro passo essencial deste Governo concretizou-se com a apresentação e posterior aprovação da
Lei n.º 17/2012, de 26 de abril, que completou a plena liberalização do setor postal. Esta lei fixa os princípios a
que deve obedecer a liberalização definitiva do setor postal, estabelecendo regras claras relativas ao âmbito, à
qualidade e ao financiamento do serviço.
Foi ainda reforçado o papel regulatório, fiscalizador e sancionador do regulador independente, a ANACOM,
por forma a defender cada vez melhor os interesses dos consumidores e o bom funcionamento do mercado.
Em particular quanto à densidade da rede postal, o número de postos próprios e de terceiros, ficou
estabelecido que compete ao Estado providenciar para que a densidade dos pontos de acesso corresponda à
necessidade dos utilizadores e que a concessionária é obrigada a estabelecer, manter e desenvolver, em
moldes adequados à plena prestação do serviço público universal, a rede postal pública.
Neste contexto, estão em preparação os trabalhos necessários à conclusão e estabilização do quadro legal
e regulatório aplicável à exploração dos serviços postais em plena concorrência, nomeadamente o diploma de
desenvolvimento da lei postal, a revisão das bases da concessão do serviço postal universal e ainda um
conjunto de decisões sobre regulação económica, que estão a cargo da ANACOM, quanto à densidade postal,
ao preço e à qualidade.
Paralelamente, conforme referi no início, o Governo está empenhado na privatização dos CTT como forma
de criar valor para o Estado, para a economia e para os cidadãos.
A atividade postal é iminentemente privatizável e os resultados daí decorrentes são positivos, como
comprovam as experiências de sucesso de outros países como a Alemanha, a Bélgica e a Áustria, em que os
operadores postais incumbentes evidenciam níveis de rendibilidade do capital claramente acima da média
internacional por comparação com os incumbentes públicos, permitindo maior eficiência no mercado e a
transferência do valor para os consumidores.
O modelo de privatização está a ser cuidadosamente preparado de forma a salvaguardar, no caderno de
encargos, o interesse do Estado e a prestação do serviço universal de qualidade e em termos sustentáveis,
para defesa da consolidação orçamental, para defesa da diversificação das fontes de financiamento da
economia, sem nunca, mas nunca, pôr em causa o serviço às pessoas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Nem gastou todo o tempo de que dispunha, tal era a falta de
argumentos!
A Sr.ª Presidente: — De seguida, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Nuno Serra.
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Sr. ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: O que hoje está em causa, neste debate, não é uma mera discussão ideológica, como a que o
PCP quer fazer. Nem sequer pode ser uma questão de concordância ou não com as privatizações ou com o
lucro das empresas, como o PCP quer debater. O que hoje está em causa e o que deve ser debatido é o
serviço público que os CTT prestam às populações.
O PSD não é nem contra a questão da privatização nem contra a rentabilização dos recursos nem contra o
aumento do lucro de algumas empresas públicas. Para nós, a clarificação e a resolução dessas questões até
são um fator essencial para que os bolsos dos contribuintes não continuem a ser onerados e para que o
dinheiro de todos nós não seja gasto em ineficiências ou desperdícios evitáveis.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas os CTT não dão lucro?!