11 DE MAIO DE 2013
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, que cumprimento,
Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 10 horas e 2 minutos.
Os Srs. Agentes da autoridade podem abrir as galerias.
Hoje, não há expediente, pelo que entramos de imediato na ordem do dia, que, como todos sabem,
consiste no debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, sobre medidas estruturais de médio e longo prazos e a
estratégia de crescimento e emprego.
Este debate realiza-se ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento, o que significa que o
debate será aberto com uma intervenção inicial do Sr. Primeiro-Ministro, a que se seguem as intervenções dos
Deputados, de acordo com a seguinte ordem: PS, PCP, BE, Os Verdes, CDS-PP e PSD.
Assim sendo, para iniciar o debate, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Estamos,
nesta altura, a concluir o sétimo exame regular, que se iniciou em finais de fevereiro e que teve a primeira fase
concluída em março deste ano.
Como todos têm conhecimento, nos termos do que tinha sido negociado com a troica, o País deveria
apresentar, por intermédio do Governo, um quadro que, no médio prazo, adequasse a trajetória das finanças
públicas às novas metas negociadas no quadro dessa sétima revisão, que apontavam, como todos sabem,
para um valor de 5,5% para o défice público este ano, de 4% em 2014 e de 2,5% em 2015.
Tal como, de resto, já se vinha desenhando desde o quinto exame regular, esse quadro de médio prazo era
essencial para dar uma perspetiva de estabilidade e de sustentabilidade às nossas finanças públicas para o
período subsequente ao fecho do programa de assistência económica e financeira.
O facto de termos reaberto o défice para 2013, na sequência do que constituiu o acórdão do Tribunal
Constitucional respeitante ao Orçamento do Estado, obrigou o Governo, como é público, a reavaliar os
instrumentos que permitem fechar o défice este ano dentro do novo valor que foi consensualizado.
Mas o facto de ter havido também no próprio acórdão matéria importante que tem implicações para a
modelação de medidas que deverão figurar nesse quadro de médio prazo levou a que fosse necessário
proceder também a uma reavaliação desses instrumentos.
Eu próprio transmiti ao País, publicamente, esse quadro e, evidentemente, estamos nesta fase a concluir
essas negociações com a troica, pelo que não me sendo possível, como antes, referir-me ao teor dessas
negociações, quero apenas assinalar que o Governo apresentou, tal como era sua obrigação, um plano
concreto, mas está, no entanto, disponível para discutir quer com os parceiros sociais quer com os partidos
políticos.
Mas o mais importante, nesta altura em que decorrem as negociações que permitirão, assim o espero, o
fecho pleno do sétimo exame regular, é que o País enfrenta, talvez, o maior desafio na construção do seu
futuro pós-troica.
Já tive ocasião de me dirigir ao Parlamento para, fazendo uma avaliação do que foi o nosso percurso até
aqui, perspetivar esse futuro que deve ser construído a partir de agora.
O Governo sabe, e creio que os portugueses também têm essa consciência, que temos dois objetivos que
são fundamentais nesta altura: primeiro, o de poder fechar com sucesso o programa de assistência económica
e financeira. Porquê? Porque isso significa a possibilidade de Portugal resgatar a sua autonomia orçamental e
de poder encontrar financiamento em mercado não garantido pelos seus financiadores oficiais mas, sim, pelos
investidores normais do mercado, porque isso nos permite sustentar não apenas o financiamento do Estado
mas também o mais regular financiamento da economia, sem o que não poderá haver crescimento sustentado
nem geração de emprego.
Ora, todo o objetivo de luta contra a crise é, evidentemente, conseguir lançar as bases de um crescimento
sustentável que seja gerador de emprego e, portanto, que nos permita fechar este período mais difícil que
todos temos vindo a viver.
Se, num primeiro momento, tivemos de atender à pura emergência financeira, ao ajustamento financeiro
que se colocou quer ao Estado, quer às famílias, quer às empresas, já num segundo momento procurámos