24 DE MAIO DE 2013
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Há, neste momento, bailarinos que estão a dançar em condições físicas deterioradas, e isso é
responsabilidade de todos aqueles que puderam alterar a situação e não o fizeram.
Lembro que o Bloco de Esquerda tem apresentado, em todas as sessões legislativas, projetos sobre os
bailarinos, por ser uma profissão de desgaste rápido, porque necessita de uma proteção especial na doença e
nos acidentes de trabalho e porque precisa também da possibilidade de requalificação e de uma nova saída
profissional.
É preciso também que seja dito que tanto o PS, como o PSD e como o CDS tiveram já oportunidade para
resolver o problema. Todos estiveram no Governo e todos preferiram não fazer absolutamente nada.
Nesta sessão legislativa, no dia 5 de maio, estiveram em debate projetos, que a maioria chumbou e em
relação aos quais o Partido Socialista se absteve. Na anterior sessão legislativa, quando tratámos do estatuto
laboral e de segurança social dos profissionais do espetáculo, houve o compromisso de incluir também os
bailarinos, mas não foi possível, porque o PS, na altura no Governo, não quis.
O que é apresentado agora não é a resposta que precisamos. Estamos mesmo convencidos de que a
forma como o seguro está desenhado pode vir a trazer problemas. No entanto, consideramos que é
necessário avançar. E o Bloco de Esquerda, que em todas as sessões legislativas apresentou propostas sobre
os bailarinos, tendo-os ouvido, faz questão que alguma coisa desça à especialidade para discutirmos. É o
mínimo que podemos fazer.
É verdade que a forma como o seguro está concebido, os seus montantes, a forma como é acordada a
franquia paga pelo segurado, etc., nos levanta dúvidas. Portanto, se queremos que o diploma passe à
especialidade — votaremos nesse sentido —, julgamos que é muito importante que neste momento possamos
ouvir neste processo a comissão de trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado, especialistas nesta
área, porque o pior que poderíamos fazer agora era termos uma lei que não resolvesse absolutamente nada.
Não se pode brincar com a vida das pessoas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Julgo que, às vezes,
mesmo quando apresentamos determinadas iniciativas legislativas e elas não são aprovadas, ainda assim
vale a pena apresentá-las.
Estou em crer que a iniciativa que Os Verdes tomaram de apresentar uma iniciativa legislativa a propósito
do seguro de acidentes de trabalho para os bailarinos profissionais e de terem tomado a iniciativa para o seu
agendamento acerca de um mês atrás, pese embora esse projeto tenha sido rejeitado, foi importante para que
os discursos fossem feitos, para que os compromissos fossem assumidos e para acelerar a apresentação de
outros projetos, como aquele que o PS aqui vem hoje apresentar.
Só tenho pena que não tenha acelerado nada, pelos vistos, por parte de maioria.
Há pouco, estava a ouvir a Sr.ª Deputada Conceição Pereira, do PSD, e dava-me até a ideia de que a Sr.ª
Deputada não falava em nome de uma maioria. Mas a senhora é Deputada de uma maioria parlamentar, que
tem de ter iniciativa.
Aquilo que a Sr.ª Deputada, de debate para debate, vem dizer é «tem de se fazer», «já andam há 20 anos
a requerer». E aquilo que disse foi que a maioria não fará nada, está simplesmente de braços cruzados à
espera que o Governo apresente qualquer coisa.
Mas a Assembleia da República tem poder legislativo, Sr.ª Deputada, não precisa de aguardar pelo
Governo. Compreendo que os senhores tenham de concertar coisas com o Governo, mas tomem iniciativa,
pois é para isso que cá estão.
Sr.ª Deputada, os compromissos assumidos já foram tantos… A Sr.ª Deputada utiliza sempre a expressão
«muito brevemente», mas esse «muito brevemente» já está quase a passar! Desde a última discussão já
passou um mês! Portanto, Sr.ª Deputada, é tempo de a maioria tomar alguma iniciativa.
Sobre o projeto de lei do PS em concreto, quero dizer que o vamos votar favoravelmente na generalidade.
É bom que a questão desça à comissão, que a comissão de trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado
seja de facto ouvida. Todos nós já a ouvimos, mas é importante ouvi-la de novo sobre a substância e o