I SÉRIE — NÚMERO 93
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início do mês e agora novamente, com um estatuto da Companhia Nacional de Bailado e utilizar o facto de não
haver estatuto da Companhia Nacional de Bailado para não resolver coisa nenhuma.
Também não deixa de ser curioso que quando o PS está no Governo é o PSD quem brada aos céus
dizendo que não há um estatuto da Companhia Nacional de Bailado e que quando está o PSD no Governo é o
PS que brada aos céus também dizendo que não há um estatuto.
Fica claro que só quando nem o PS nem o PSD estiverem no Governo é que vai haver um estatuto para os
bailarinos da Companhia Nacional de Bailado com a mínima dignidade e respeito pelos seus trabalhadores.
Aplausos do PCP.
Sr.ª Deputada Inês Teotónio Pereira, permita-me que chame a atenção para uma profunda incongruência
do seu discurso.
Há menos de um mês, discutimos aqui dois diplomas sobre esta matéria. Já desde 2008 que o PCP propõe
um regime de reconversão profissional para bailarinos. Há menos de um mês, o BE voltou a propor. Nessas
alturas não tinham nenhuma mais-valia, eram iniciativas a rejeitar. O PS faz uma colagem de inúmeras partes
das sucessivas propostas que foram apresentadas, fragiliza a matéria do seguro, remetendo-o para uma cópia
do seguro desportivo de atletas não profissionais, retira todas as questões do âmbito do Código do Trabalho e
dos acidentes de trabalho, põe lá, na mesma, a reconversão profissional e então considera que já é um
diploma muito melhor do que todos os outros… Curiosamente que acrescenta a necessidade de um seguro
adicional e não a inserção destes profissionais no regime do acidente de trabalho, que é aquilo que
responderia objetivamente às questões que são levantadas também pela comissão de trabalhadores da
Companhia Nacional de Bailado, cujos representantes se encontram a assistir à sessão, e que aproveito para
cumprimentar pela persistência, pela perseverança e pelo trabalho que vem realizando junto desta
Assembleia.
Aplausos do PCP.
Da parte do PCP, obviamente que não nos furtaremos a fazer este debate na especialidade, estando
disponíveis para melhorar o diploma. Aprofundar este debate nesta Assembleia é sempre melhor do que
remetê-lo para as calendas, utilizando a desculpa de que o Governo ainda não apresentou um estatuto.
Esperamos por contributos de todas as bancadas e não deixaremos de apresentar, aliás no seguimento
das críticas que aqui teci ao projeto de lei apresentado pelo Partido Socialista, propostas de melhoramento em
sede de especialidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Catarina
Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Permitam-me que comece por
cumprimentar a comissão de trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado, cujos representantes se
encontram a assistir à sessão. A sua determinação, a sua luta e o seu empenho não têm deixado que esta
Assembleia possa passar sem debater os projetos que dizem respeito aos bailarinos.
Devo dizer que não é saudável para a democracia que se possa repetir tantas vezes, neste Plenário,
coisas como «saudamos a comissão de trabalhadores» ou «reconhecemos que a questão é urgente» e não
fazer absolutamente nada. É isso que tem acontecido.
Temos, neste momento, bailarinos que estão com uma idade e uma condição física que exigia a sua
requalificação profissional, que não podem continuar a ser bailarinos e que são obrigados a continuarem a sê-
lo, quando não deveria ser assim. Temos bailarinos que são obrigados a abandonar a atividade com
problemas de saúde gravíssimos e que os impedem, até, de terem outras atividades. São problemas de saúde
que eles ganham, que acumulam e que pioram porque não tiveram a assistência médica necessária no
momento.