I SÉRIE — NÚMERO 94
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Acha isto bem, Sr. Primeiro-Ministro? Isto é que é ser amigo para si? Olhe, com amigos destes não
precisamos de inimigos — é assim que se costuma dizer, não é?
Aplausos do Deputado de Os Verdes José Luís Ferreira e do PCP.
O Governo é inimigo dos trabalhadores portugueses, não tenha dúvidas sobre isso.
Vejo que o Sr. Primeiro-ministro não respondeu à questão dos reformados, e percebo que esta indefinição,
esta baralhação na própria coligação cause grande incómodo ao Sr. Primeiro-Ministro. Mas o problema é que
os portugueses não podem andar mergulhados na vossa baralhação e os senhores não podem continuar a
prejudicar profundamente o País com esta indefinição por causa da vossa baralhação interna.
O Governo está desgastado e o Sr. Primeiro-Ministro tem consciência disso.
Para terminar, sobre a questão do investimento na economia, gostava de saber que resultado espera o Sr.
Primeiro-Ministro da estratégia agora anunciada pelo Governo relativamente às previsões de recessão para o
ano de 2013. Ou seja, as vossas previsões cresceram bastante, ao ponto de se prever uma recessão de 2,3%,
e eu pergunto: com esta estratégia brilhante, que acha que vai ter um resultado imenso, o Sr. Primeiro-Ministro
vem, com certeza, anunciar à Câmara que este nível, esta previsão de recessão vai baixar — só pode, Sr.
Primeiro-Ministro, não é verdade?
Diga-nos, portanto, quais são as previsões do Governo, decorrentes deste «magnífico» programa que o
Governo agora anuncia.
Sr. Primeiro-Ministro, este investimento de que os senhores agora falam beneficiará que empresas? O Sr.
Ministro de Estado e das Finanças disse que beneficiará as empresas que fizerem um investimento
significativo e eu gostava de saber o que é um investimento significativo e quais serão as empresas,
designadamente as micro, pequenas e médias empresas, que podem, neste momento, depois de os senhores
as terem estrangulado completamente, fazer investimentos significativos. Não têm essa capacidade, Sr.
Primeiro-Ministro!
Por outro lado, vão fazer investimentos para resultar no quê? Na impossibilidade de venda dos seus
produtos e serviços, porque não há mercado interno.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Nem mais!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Os senhores mataram o mercado interno. O Sr. Primeiro-Ministro
não quer saber do mercado interno, mas o mercado interno é o pão, é o alimento dessas empresas. Se o
senhor lhes retira o alimento, essas empresas não sobrevivem.
Portanto, os senhores podem fazer as brincadeiras e as fantochadas que entenderem relativamente à
ajuda à economia, mas o que estão permanentemente a fazer é a esvaziar de capacidade, de dinamização a
economia, e o Sr. Primeiro-Ministro sabe disso.
Aplausos do Deputado de Os Verdes José Luís Ferreira e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, apenas para dizer que os termos da questão da Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia não me permitem, por respeito ao Parlamento, responder.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Termina aqui o debate quinzenal…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Peço a palavra para uma interpelação à Mesa, Sr.ª Presidente.