31 DE MAIO DE 2013
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E temos duas alternativas: uma alternativa é a realização de eleições, que possa conduzir-nos a uma
recuperação difícil — já não há um caminho fácil para os portugueses —, consolidada e que possa voltar a
abrir caminhos de esperança; outra alternativa é o prosseguimento deste Governo, nado-morto, que levará a
uma tragédia incalculável, do ponto de vista social e do ponto de vista económico.
Por isso, a pergunta que lhe queria deixar é muito simples, Sr. Deputado. Não bastam diagnósticos, não
bastam palavras, temos de construir a alternativa. Já dissemos que temos uma alternativa e ambicionamos a
maioria absoluta, mas queremos (com essa maioria absoluta) desenhar uma alternativa que inclua todos os
partidos, da direita e da esquerda. Pergunto-lhe, por isso, em que medida está disponível o Bloco de Esquerda
para fazer parte dessa alternativa, num contexto de Europa viável e de integração plena na União Europeia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, agradeço a pergunta
que fez, mas deixe-me responder-lhe muito diretamente: aqueles que querem «dançar», independentemente
de quem seja o par que os acompanhe na dança, é porque não tem grande interesse na música que está a
tocar nem no parceiro com quem, afinal, vão dançar. Tanto dá para a esquerda como pode dar para a direita.
O que precisamos, hoje, não é de escolhas na lógica político-partidária; precisamos, sim, de escolhas na
lógica da política que serve os interesses das pessoas ou da política que serve os interesses financeiros. Na
verdade, há duas políticas, não há uma política que esteja no meio-termo, em cima do muro, que ora pisca o
olho à direita, às segundas, quartas e sextas, ora pisca o olho à esquerda, às terças, quintas e sábados, e ao
domingo está de folga a pensar como será a semana seguinte.
Protestos do Deputado do PS Carlos Zorrinho.
Ora, isso não pode ser! Temos de ter, hoje, a transparência, a clarividência e a capacidade de dizer às
pessoas quais são as nossas soluções.
Da parte do Bloco de Esquerda, penso que o Sr. Deputado Carlos Zorrinho fará a justiça de reconhecer
que temos sido claros nas nossas responsabilidades e nas propostas que assumimos perante as pessoas.
Não faltaremos nunca à responsabilidade de haver uma política em defesa dos salários, em defesa das
pensões; não colocamos nenhum partido acima das pessoas, mas colocamos as pessoas acima da troica e
acima de qualquer partido.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Foi exatamente por isso que, em defesa da nossa cidadania, da nossa
sociedade e da nossa Constituição, dissemos que recorreríamos ao Tribunal Constitucional sempre que fosse
necessário, e quem quisesse ir connosco, em defesa da Constituição, poderia fazê-lo. Nessa altura, o PS uma
vez não quis e outra vez quis ir sozinho.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Espero que tenham aprendido essa lição e que agora, para o futuro,
possam reconhecer que juntas as esquerdas valem mais — quando as esquerdas são esquerdas de verdade
e as políticas são realmente de esquerda.
Há uma realidade que também me parece inequívoca e, Sr. Deputado, acompanho-o numa ideia que
deixou. Disse-nos que esta direita não estava à altura da governação do País e eu digo que esta direita não
estava e não está à altura da governação do País. Ela fez e está a fazer o que quis.
Vou ler-lhe uma declaração daquela célebre conferência de imprensa de Eduardo Catroga, em que dizia:
«O PSD, se for Governo, terá autonomia para substituir eventuais medidas penalizadoras dos portugueses».
Ora, o dom é que conseguiram sempre penalizar cada vez mais os portugueses com as suas alterações.