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I SÉRIE — NÚMERO 96

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Termino — agradecendo a tolerância da Sr.ª Presidente — com uma frase que me parece resumir o

espírito do País. Dizia-nos o CDS, aquando das eleições de 2011, que «este era o momento». Ora, o que as

pessoas já perceberam, de uma vez por todas, é que este não é o momento deste Governo, desta maioria

PSD/CDS!

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, penso que foi muito

oportuno ao referir que os objetivos que serviram de pretexto à direita e ao Governo para aplicar uma série de

medidas — o défice, a dívida —, de facto, não estão a ser cumpridos. E isso é porque o verdadeiro programa

não era conter o défice nem diminuir a dívida; o verdadeiro programa sempre foi diminuir os salários, fazer os

trabalhadores trabalhar de borla nos feriados, como hoje, retirar direitos na saúde e na educação, cortar no

complemento solidário para idosos (o que o CDS fez neste Governo), cortar no abono de família (o que o CDS

fez neste Governo), cortar, cortar, cortar nos direitos e, ao mesmo tempo, continuar a permitir que os grandes

grupos económicos acumulassem lucros, como continuam a acumular.

Portanto, o problema está nesse programa. Toda a gente sabe que só se contém o défice e se diminui a

dívida quando se fizer crescer a economia e aumentar o emprego. E para tanto é preciso uma política pública

que tenha essa prioridade.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — De facto, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a intervenção que o

Partido Socialista agora aqui fez é um bocadinho a imagem do Partido Socialista: está na oposição e quer

fazer um discurso de esquerda, mas depois diz que está disponível para se entender com a esquerda e com a

direita. Ora, isso não é possível! Ou se faz uma política de esquerda ou se faz uma política de direita.

Portanto, quando se diz que tanto se pode fazer um acordo à esquerda como um acordo à direita, mais não

se está a dizer que se quer continuar a fazer um discurso para a esquerda para continuar a fazer os acordos

com a direita, como têm feito ao longo de todos estes anos. Aliás, foi a direita que aprovou os três primeiros

PEC e os Orçamentos do Estado do Partido Socialista.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E porquê? Porque eram Orçamentos e programas com políticas de

direita.

Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, queria perguntar-lhe se é ou não verdade que não basta travar o

Governo para que a situação se inverta, é preciso que a política seja completamente diferente e que a

renegociação da dívida venha à cabeça dessa política para permitir disponibilizar fundos para o investimento

público, para a melhoria dos salários, para a melhoria dos serviços públicos.

Pergunto-lhe, ainda, se é ou não verdade que, não fazendo isto, o que o Governo está a preparar é,

realmente, um segundo resgate, de que o Ministro Paulo Portas falou na sua intervenção de domingo,

sabendo ele bem o que o Governo está a preparar, porque se tornará inevitável se se continuar esta política

de descalabro económico, financeiro e social.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Bernardino Soares, agradeço as

perguntas que fez. De facto, dizer que esta direita não está a fazer aquilo que quer, aquilo que teve poder para

fazer, não é verdadeiro, porque ela está exatamente a fazer o que quer fazer. É verdade que prometeu o