I SÉRIE — NÚMERO 99
22
Este Governo é uma ilusão, é uma fantasia!
Protestos do PSD.
Portugal e os portugueses precisam, mais do que nunca, de um Governo competente, de um Governo para
governar.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, queria, naturalmente,
cumprimentá-lo pela questão que colocou e dizer que, para quem não queria contribuir para a crispação do
debate político, afirmar que Portugal não tem Governo e defender, como o seu partido defende, a realização
de eleições antecipadas, é uma profunda contradição.
Vozes do PSD: — Exatamente!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O Sr. Deputado não é capaz de perceber que o País precisa da vossa
serenidade e da vossa seriedade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado disse que, nestes dois anos, regredimos duas décadas, mas está equivocado, porque
vamos estar, sim, várias épocas a recuperar os poucos anos de governação do Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
Deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado, que me surpreende que o maior partido da oposição, que teve a
responsabilidade de governar Portugal nos seis anos e meio anteriores a este Governo, que foi obrigado,
como disse há pouco, a ir, de mão estendida, pedir apoio financeiro aos nossos parceiros e que comprometeu
o Estado português a cumprir o Memorando de Entendimento, que era, aliás, bem mais exigente do que o que
estamos agora a implementar, não tenha agora duas responsabilidades: a de acompanhar o Governo
precisamente no cumprimento da palavra dada em nome de Portugal e a de apresentar uma alternativa
quando discorda — e eu anotei que V. Ex.ª não foi capaz de discordar de uma das várias reformas que
enunciei da tribuna!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sobre a questão da alternativa, já que o Partido Socialista não tem
resposta e como, muito recentemente, se tem inspirado num dos seus dirigentes mais carismáticos, senão
mesmo o mais carismático, o Dr. Mário Soares, vou recordar-lhe, porventura, uma receita alternativa do
Partido Socialista.
A receita alternativa do Partido Socialista poderia ser aquela que o Partido Socialista implementou da
última vez que tivemos de recorrer à ajuda externa, já agora com uma diferença: em 1983, o Estado português
precisou de pedir ao FMI 650 milhões de dólares, o que equivalia a 3,5% do nosso PIB; em 2011, pela mão do
Partido Socialista, pedimos 78 000 milhões de euros, o que equivale, grosso modo, a 50% do PIB. Ou seja,
estamos a falar de um empréstimo que é 15 vezes maior!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.