7 DE JUNHO DE 2013
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Recordo-lhe que, em 1983, o Governo do Dr. Soares, em que VV. Ex.as
se inspiram muito, cortou salários
na função pública, aumentou os preços, travou o investimento público, criou o imposto extraordinário sobre o
lucro, cortou os subsídios de Natal, desvalorizou a moeda, impôs uma taxa aos bens importados e criou um
imposto retroativo de 2,8% a todos os rendimentos.
Sabe qual foi a diferença, Sr. Deputado?
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Resolveu o problema!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O País precisava que o Governo travasse o caminho da bancarrota e o
Partido Social Democrata, nessa ocasião, foi para o Governo com o Partido Socialista, esteve ao lado do País
e dos portugueses! Já os senhores, que criaram este buraco, não se responsabilizam por ele e não contribuem
para que possamos sair dele, o que é imperdoável do ponto de vista democrático, Sr. Deputado!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Antes de continuarmos o debate, queria comunicar à Câmara, com todo o prazer,
que se encontram a assistir à sessão, na galeria destinada ao Corpo Diplomático, o Presidente do Senado
Federal do Brasil, acompanhado de alguns Deputados e membros do Governo, que aproveito para saudar.
Aplausos gerais, de pé.
Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares para pedir esclarecimentos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Luís Montenegro, da tribuna, com o ar
solene de quem faz uma declaração política que assinala os dois anos de mandato, fez uma afirmação que
considero caricata para um Governo com dois anos de mandato. Disse o Sr. Deputado: «Este mandato
termina em 2015 e estaremos cá até ao final do mandato».
A primeira pergunta que lhe faço é muito simples: isso é uma promessa? Se é uma promessa, o País até
fica satisfeito, porque o PSD falhou todas e esperemos que falhe esta, também! Mas se é um aviso à
navegação, parece-me um aviso para a coligação, e esse é um ato de desespero, uma tentativa de prova de
vida, do género: «Deixem-nos estar até 2015, porque pelo menos até lá aguentar-nos-emos no poder; depois,
já se sabe, o País não vai querer ver-nos mais pela frente! Mas até lá, até lá deixem-nos estar!»
Volto a perguntar: é uma promessa ou é o desespero?
Percebemos muito bem o que significaram estes dois anos de Governo.
A Sr. Mariana Aiveca (BE): — Exatamente!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Estes foram os dois anos dos três dd: do défice, em que este Governo
nunca teve mão; da dívida, que aumentou sempre mais do que era pensável; e do desemprego, que é o
desastre do País e que aumentou como nunca no mandato deste Governo.
Ora, em dois anos de Governo, o défice foi sempre revisto e nunca foi alcançado, a não ser com medidas
extraordinárias. E assim será, novamente, em 2013.
Há dois anos atrás, dizia o PSD que a dívida, no máximo, seria de 114%; hoje, segundo os dados oficiais, a
dívida está nos 132% — não parou de amentar! Este Governo não só não tem mão na dívida como a faz levar
para lá do que seria alguma vez pensável.
Em matéria de desemprego, diz-nos o Sr. Deputado Luís Montenegro que os desempregados não são
números, são pessoas, e que este Governo está preocupado com cada um dos desempregados. Ora, isto é o
cinismo do Governo, é a hipocrisia de uma governação que não faz outra coisa senão aumentar o
desemprego! E mais: se aumenta com este Governo e se mantemos este Governo, ele nunca vai baixar!