I SÉRIE — NÚMERO 102
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É conhecido que o PSD e o CDS-PP respeitam o exercício do direito à
greve por parte dos professores mas não concordam que ele possa coincidir com esse momento alto do ano
escolar, que é a realização de tão importante exame.
Também é conhecido que o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista «Os Verdes»
respeitam o exercício do direito à greve e concordam que ele possa ocorrer mesmo em dia de exames.
Aquilo que não sabemos é o que pensa o Partido Socialista e o Sr. Deputado António José Seguro sobre
esta coincidência.
Risos do PS.
Por isso, Sr.ª Presidente, excecionalmente, pedia a sua anuência para que o Sr. Deputado António José
Seguro pudesse dizer aos portugueses, ao País, se concorda ou discorda que o exercício do direito à greve
possa coincidir com o dia de exames.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Risos do Deputado do PS António José Seguro.
Sendo o assunto é tão importante e para que sobre ele todos tenhamos posições claras, disponibilizo 1
minuto do meu tempo para que essa resposta possa ser dada, Sr.ª Presidente.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Luís Montenegro, não tenho poderes para modificar o formato do
debate. O debate dá-se na relação das bancadas com o Governo e não na relação transversal entre
bancadas. Por isso, não posso ceder ao seu pedido. Não posso mesmo, não está no meu poder fazê-lo.
O Sr. Adão Silva (PSD): — O desafio está feito!
A Sr.ª Presidente: — Faça o favor de prosseguir, Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito obrigado, Sr.ª Presidente. Naturalmente, acataremos a sua
decisão.
É pena que o País não possa saber, nesta ocasião, em que travamos este importante debate político, qual
é a posição do Partido Socialista e do seu líder sobre esta matéria, mas creio também que não faltarão
oportunidades. E como até é habitual que o Sr. Deputado António José Seguro prolongue a sua prestação nos
debates quinzenais com considerações posteriores feitas nos corredores do Parlamento, pode ser que essa
ocasião possa ser aproveitada para que, de uma vez por todas, o País fique a saber qual é a sua opinião
sobre esta matéria.
Aplausos do PSD.
Aliás, Sr. Primeiro-Ministro, por falar em definição de posições políticas, hoje já aqui se falou muito da
intenção anunciada por V. Ex.ª, numa declaração ao País, de proceder a uma redução estrutural na despesa
pública com vista à estabilização e à consolidação orçamental das nossas contas públicas nos próximos anos.
Também neste caso não sabemos o que pensa o Partido Socialista. É que o Partido Socialista está
simultaneamente contra a austeridade, está simultaneamente contra qualquer aumento de impostos — e aí
bem — e está simultaneamente contra qualquer corte estrutural na despesa do Estado. O debate que aqui
travámos, tal como acontece na questão da greve dos professores, demonstrou que o Partido Socialista não
quer ter opinião, não quer ter um caminho.