I SÉRIE — NÚMERO 104
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Para pedir esclarecimentos, tem, pois, a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, o
desemprego jovem, com uma taxa de 42,5% — há mais de 175 000 jovens portugueses sem emprego —,
mais do que uma prioridade política, é para o Partido Socialista uma verdadeira urgência nacional.
Praticamente metade da juventude portuguesa está desempregada — é assustador, é dilacerante da nossa
sociedade.
Ora, o Governo é o grande responsável pela situação do desemprego jovem em Portugal. E é responsável,
por um lado, devido à sua incompetência. Veja-se o exemplo flagrante do programa Impulso Jovem, que foi
apresentado pelo próprio Governo como um instrumento de combate decisivo ao desemprego jovem, em
Portugal. Anunciaram 90 000 jovens abrangidos por este programa e o que temos, um ano depois desse
anúncio, são 8000 jovens abrangidos. Incompetência!
Por outro lado, o Governo peca por ligeireza, falta de empenho e falta de seriedade. E faço estas
afirmações com factos, diria até com evidências. Nós fomos consultar o site do Instituto de Emprego e
Formação Profissional (IEFP), até para os Deputados poderem fazer o seu trabalho de fiscalização política do
Governo habilitados por instrumentos democráticos, e verificámos para nosso espanto que, desde janeiro de
2013, o IEFP não publica qualquer relatório mensal de execução física e financeira das suas medidas de
emprego. É lamentável! Nunca aconteceu!
Aplausos do PS.
Portanto, há falta de seriedade, há falta de comparência.
A Sr.ª Presidente: — Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Por outro lado, veja-se a questão da Garantia Europeia da Juventude. O Governo, as bancadas do PSD e
do CDS-PP chumbaram o projeto de resolução do PS. Agora, apresentam-na como a grande solução para
resolver o problema do desemprego jovem, em Portugal. Não há seriedade! Aconselhava o Governo a seguir
os seus próprios conselhos, a sair da sua zona de conforto e, provavelmente, a emigrar — e para bem longe,
para bem da juventude portuguesa!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, em primeiro lugar, gostaria de
saudar o Partido Ecologista «Os Verdes» por ter trazido ao seu agendamento potestativo este tema do
desemprego jovem, que, pela importância que tem não só na vida de milhares de jovens, mas também para o
País, merece ser discutido com seriedade e com profundidade.
Sr.ª Deputada, gostaria de lhe colocar três questões concretas. A primeira para saber se a Sr.ª Deputada
entende que o Governo está efetivamente preocupado, como diz estar, com o desemprego ou se, pelo
contrário, faz do desemprego uma política de Estado, que, como está previsto no âmbito da Administração
Pública, com o aumento do horário de trabalho, com a mobilidade especial, que é a antecâmara do
desemprego, com um conjunto de medidas gravíssimas de despedimento dos contratados na Administração
Pública, prevê o agravamento do desemprego e deste flagelo social.
A segunda questão é ainda para saber se a Sr.ª Deputada acha que o Governo está de facto preocupado
com o desemprego, quando aquilo que fez com as alterações à legislação laboral no Código do Trabalho foi
embaratecer e facilitar os despedimentos, foi generalizar a precariedade e criar um campo fértil ao
despedimento e ao agravamento do desemprego.