I SÉRIE — NÚMERO 106
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Chegam lá e fazem o mesmo!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Porém, sabemos que a situação francesa neste momento, a
nível económico — e analisamos isso com realismo, sem entrar aqui num jogo de mera crítica política —, é
pior do que se antecipava, porque a França está em recessão, e que as medidas aplicadas por um presidente
socialista foram restritivas e de austeridade, porque é este o enquadramento europeu que existe neste
momento e que obriga não só governos de centro-direita, mas também governos socialistas a aplicarem uma
agenda restritiva do ponto de vista económico.
Sabe V. Ex.ª também que as expectativas que se criam sobre as eleições alemãs não são legítimas naquilo
que possam vir a trazer de tão diferente em relação ao SPD e às políticas da Sr.ª Merkel, porque, em relação
à Europa, essas políticas são pouco diferentes e as restrições alemãs unem muito mais a CDU e o SPD do
que diferenciam a Alemanha dos outros países a nível europeu.
Portanto, temos de enfrentar todo este quadro restritivo e espera-se que o Partido Socialista tenha esta
noção. Mas enfrentamos também um quadro restritivo a nível nacional.
No CDS, entendemos que é fundamental abrir um ciclo que permita negociar as nossas metas do ponto de
vista do défice, mas entendemos que isto é importante e tem de ser importante não para corrigir erros, mas
para permitir um horizonte de crescimento.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, entendemos que isso é importante não para corrigir erros, mas para permitir um
horizonte de crescimento, o qual deve ser potenciado pela redução de impostos. Mas também sabemos que
esse caminho só é viável com uma reforma do Estado e com cortes de despesa, que não serão evitáveis se se
quiser seguir esse rumo. E, para ter a tal ambição, é preciso ter este realismo, Sr. Deputado, e era importante
que tivéssemos a noção de que o Partido Socialista tem este realismo, porque, se assim não for, podemos até
considerar que o Partido Socialista, um dia, quando houver eleições, as pode ganhar e pode vir a ser Governo,
mas, se não tiver esta noção e este realismo, nunca será solução para o País.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António José
Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, antes de mais,
agradeço as suas questões.
Confesso que a primeira palavra de que estava à espera da parte do CDS era esta: «Há, pelo menos, uma
proposta com a qual estamos de acordo, que é a da redução do IVA na restauração de 23% para 13%».
Aplausos do PS.
É que se trata, tal como as outras nove propostas, de uma proposta realista, Sr. Deputado João Pinho de
Almeida, e vou explicar-lhe porquê. Pretensamente para arrecadar mais receita, o Estado acabou por
arrecadar menos na relação entre receita e os pagamentos que tem de fazer em subsídios de desemprego. E,
infelizmente, através dessa política, obteve, como resultado, trabalhadores que perderam o seu posto de
trabalho e empresas, restaurantes que tiveram de fechar.
Esta é uma questão central, e acredito verdadeiramente que todos os Deputados deste Parlamento estão
interessados em corrigi-la. Pois bem, o Partido Socialista oferece hoje, uma vez mais, a oportunidade de
correção dessa injustiça, que não está a beneficiar, bem pelo contrário está a prejudicar, quer o emprego, quer
a atividade de restauração. E sabe como é importante a atividade de restauração não apenas para as
economias locais mas também em termos de competitividade do turismo, que é, para nós, um setor essencial.