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28 DE JUNHO DE 2013

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A greve foi massiva nos hospitais, desde Bragança ao Montijo, do Fundão a Torres Novas. Aqui, em

Lisboa, no Hospital de São José, houve 90% de adesão à greve, no Hospital de Santo António, no Porto, os

números foram iguais.

Nos transportes, as empresas de transportes pararam o País, porque sabem que a política do Governo

está a destruí-las.

Nas escolas, nas empresas privadas (na Autoeuropa, na Renault Cacia e em tantas outras), mas também

em empresas públicas importantes, como a EPAL e o Arsenal do Alfeite, em que os trabalhadores, que são

públicos, gritaram que o Estado, perante este Governo, tem uma voz, e a voz é contra esta política.

Pessoas, trabalhadores, jovens e menos jovens pararam hoje, porque sabem que parar hoje é andar em

frente. Hoje, parar é parar com esta política que destrói o futuro e é dar um passo em frente na construção de

um futuro com direitos, com salários de jeito, com pensões dignas; um passo pelo trabalho, pelo futuro.

Há quem vá diminuir a greve, aliás, o Governo já o fez. Curiosamente, a forma que a direita encontrou para

diminuir a greve é transformá-la no fator ausente deste debate. Ora, aqueles que querem diminuir a greve, que

querem achincalhar a greve, têm exatamente a política de divisão do País. Já tentaram dividir os trabalhadores

do setor público dos trabalhadores do setor privado, os jovens dos menos jovens, os empregados dos

desempregados. E tudo para quê? É «dividir para reinar», para impor a política de austeridade que está a

destruir o País, que está a destruir o trabalho.

Quando, ontem, Pedro Passos Coelho dizia que o que era preciso era trabalho no País, percebemos o

cinismo e a hipocrisia do Governo que mais destruiu o trabalho no nosso País. E é por isso, é exatamente por

isso, que são necessárias políticas alternativas. É também na greve geral, quando parar é andar em frente,

que se diz que são necessárias políticas que não estas, que destroem o País.

É certo que, hoje, o Partido Socialista apresenta um conjunto de medidas, que acompanhamos em grande

parte e, de resto, apresentaremos algumas propostas no debate na especialidade, mas acreditamos que

fazem parte do puzzle que constitui a solução que é necessária para a economia, são passos nesse sentido.

É necessário percebermos que um Estado que precisa de ter contas certas, que precisa de pagar a tempo

e horas, hoje como no passado, é um Estado que não pode ter sobre setores da economia, como acontece

com o setor da restauração, instrumentos de laboratório fiscal. Isso não é aceitável no País! Não é aceitável

destruir setores da economia com o fanatismo do Estado.

Por isso, estas propostas são passos no sentido certo, passos que também estavam em propostas que o

Bloco de Esquerda já apresentou — ainda recentemente, aquando da discussão do Orçamento retificativo — e

que o Partido Socialista acompanhou. Mas é necessário ter a noção clara de que estas propostas não são, em

si só, a solução necessária para o País.

O País encontra-se mergulhado no fanatismo da austeridade pela mão deste Governo. Este Governo utiliza

a dívida para atacar os povos e para justificar a austeridade. Dizia-nos que ia controlar a dívida, e ela aí está,

mais incontrolável do que nunca; dizia-nos que ia controlar o défice, e ele aí está, continuando a fugir sempre,

todos os anos, às previsões do Governo.

Não, a culpa não é do tempo. A culpa é do Governo, que mete água, e mete água porque segue a política

da austeridade. A política da austeridade destrói o controlo das contas públicas e aumenta a dívida. Mas essa

é a mesma política que o Tratado Orçamental diz que se vai levar por diante. Por isso, não nos enganemos: as

escolhas do País são, em todos os passos, no caminho de uma solução para a economia que defenda os

direitos, os salários e as pensões, mas passam principalmente pelo ataque à dívida, porque só atacando a

dívida, renegociando, se resgatam os direitos e as pensões.

Termino, Sr. Presidente, dizendo que o dia de hoje é histórico. É histórico porque esta é uma das maiores

greves que já conhecemos e porque nela se juntam estudantes que, lutando no presente, lutam pelo seu

futuro, mas juntam-se também aqueles que, já reformados, ajudaram, com o seu trabalho, a construir os

serviços públicos que hoje temos e que o Governo quer destruir.

É pelo passado que construiu este presente que hoje se luta, mas também pelo futuro, que o Governo

teima em querer roubar aos portugueses. Por isso, dizemos que, hoje, o Governo sofreu um abalo, e o abalo

do dia de hoje vai levar, com outras junções de forças, à alteração desta política. Hoje, não é um fim de linha,

é um espaço para tomar balanço e derrubar este Governo.