28 DE JUNHO DE 2013
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Quanto à questão do realismo, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, tenho de lhe recordar o seguinte: o
realismo que temos no nosso País é trágico, e é esse realismo que precisamos de inverter. E se há um acordo
quanto à necessidade de equilibrar as contas públicas — não duvido de que esse acordo exista em todas as
bancadas —,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não está a ser sério!
O Sr. António José Seguro (PS): — … então, se esta política falhou nesse equilíbrio das contas públicas,
devemos optar por uma outra política que signifique apoiar quem pode criar riqueza e quem pode ajudar a
nossa economia.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E as restrições?!
O Sr. António José Seguro (PS): — É isso que deve ser feito, e por isso apresentamos estas 10
propostas, que visam equilibrar as contas públicas. E já reparou, Sr. Deputado, que não custam 1 cêntimo aos
cofres do Estado?! Se analisar o impacto, no que diz respeito ao IVA, como já tive oportunidade de lhe
explicar, verificará que a eventual não arrecadação de uma parte do IVA é compensada pela diminuição da
despesa com subsídios de desemprego e com o facto de haver mais restaurantes e mais empresas a
funcionar, podendo pagar, naturalmente, mais impostos para aumentar a receita do Estado.
Aplausos do PS.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. António José Seguro (PS): — Relativamente às duas últimas questões que colocou, uma das quais
sobre o SPD, permito-me responder a uma afirmação que o Primeiro-Ministro, ontem, erradamente citou. O
Partido Socialista Europeu, por minha iniciativa, defende a mutualização de parte da dívida. E no programa
eleitoral do SPD consta especificamente a criação de um fundo de redenção, que, como sabe, Sr. Deputado
João Pinho de Almeida, visa, precisamente, a mutualização de parte da dívida.
Por último, quanto ao facto de estarmos sob assistência financeira, Sr. Deputado João Pinho de Almeida,
existe, porventura, entre nós, uma divergência, mas admito que se tenha expressado mal ou que eu o tenha
interpretado mal.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quais são as condições?
O Sr. António José Seguro (PS): — O facto de estarmos sob assistência financeira não condiciona o
poder de iniciativa, muito menos de um órgão de soberania, como o Parlamento português.
Aplausos do PS.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Condiciona, condiciona!
O Sr. António José Seguro (PS): — Sei, Sr. Deputado, porque também reúno a cada três meses com a
troica, do pensamento da troica em relação a algumas destas matérias, mas quero dizer-lhe que todas estas
10 propostas decorrem da nossa experiência de reuniões com a troica e das suas posições, das reuniões que
já fizemos com os parceiros sociais, quer com as centrais sindicais, quer com as confederações patronais, e
posso assegurar-lhe, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, que há um grande consenso na sociedade
portuguesa em relação a todas elas. O que mais faltava era que esse consenso não fosse acompanhado aqui
no Parlamento, designadamente pelo CDS.
Aplausos do PS.