12 DE JULHO DE 2013
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O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Até parece que acredita nisso!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — No âmbito dessa requalificação, desse investimento que o Estado vai
fazer nas pessoas, com orientações profissionais específicas, tendo em conta as necessidades objetivas do
Estado, será através do INA — Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas, que
os próprios trabalhadores deverão tomar ações concretas com vista à sua reintegração em funções.
É evidente que temos de ser claros e transparentes: em casos em que tal não se verifique, haverá lugar à
indemnização por cessação do contrato de trabalho e ao subsídio de desemprego.
Mas temos de fazer a pergunta: seria legítimo pedir aos portugueses, funcionários públicos incluídos, que
paguem ordenados a funções que venham a ser inexistentes?
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E o Banif? E os swaps?
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Não parece que o povo português, com todas as privações que vem
sofrendo, tem de exigir ao Estado o seu dever de boa administração? É isto o que nos motiva.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A reforma da Administração Pública é um dever, é uma obrigação
que deve ser feita tendo em vista a dignificação dos funcionários públicos, a sua dotação de melhores meios
para a sua própria eficácia, dentro dos condicionalismos financeiros a que estamos sujeitos, e deve ser feita
com justiça e no respeito da pessoa humana.
Portugal tem de se desenvolver em eficácia e competitividade, num mundo moderno, cada vez mais
exigente e, sobretudo, com a responsabilidade de lançarmos as bases na esperança de um futuro melhor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa aguarda novas inscrições…
Pausa.
Sr. Deputado José Luís Ferreira, tem a palavra para intervir.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: O Governo apresenta-nos hoje mais duas propostas que têm como alvo aqueles que o Governo
elegeu como sendo o seu inimigo público n.º 1, ou seja, o universo dos funcionários públicos.
Por um lado, com aquilo a que o Governo chama de «sistema de requalificação de funcionários públicos»,
mas que, apesar do nome, nada pretende requalificar, pelo que melhor seria chamar-lhe «sistema de
despedimento na Administração Pública». É uma vergonha!
Por outro lado, o Governo quer aumentar o horário de trabalho na Administração Pública de 35 horas para
40 horas semanais. Ou seja, o período normal de trabalho passa de 7 horas por dia para 8 horas por dia. Com
este aumento do tempo de trabalho dos trabalhadores da Administração Pública, o Governo promove, assim,
um verdadeiro e profundo retrocesso social. Foi preciso vir um Governo a prazo para contrariar a evolução que
se vinha a verificar há mais de um século em matéria de horário de trabalho. Outra vergonha!
E não deixa de ser curioso que o PSD ainda há pouco tempo tenha apresentado nesta Assembleia uma
iniciativa legislativa a recomendar ao Governo que proceda à conciliação da vida familiar com a vida
profissional das pessoas e que o Governo venha agora aumentar o horário de trabalho das pessoas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Srs. Deputados do PSD, de duas, uma: ou não souberam redigir
a recomendação, ou o Governo não a soube ler. É que isto nada tem a ver com a recomendação que o PSD
aqui apresentou.