19 DE JULHO DE 2013
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Os Verdes consideram que há todas as razões para censurar este Governo. Há razões éticas, políticas,
económicas e sociais que acabaram por atribuir uma natureza obrigatória à apresentação desta moção de
censura.
Todos nos lembramos que o Presidente da República, na sua comunicação ao País, chamou a atenção
para a necessidade de os partidos assumirem as suas responsabilidades.
O Partido Ecologista «Os Verdes», assumindo a sua responsabilidade e a sua obrigação ética e política
perante o povo português, deu uma oportunidade a esta Assembleia para que, no mínimo, tomasse uma
posição clara e discutisse a degradante situação do País e para que, ao mesmo tempo, pudesse discutir o
lamentável processo de apodrecimento deste Governo.
Quando falamos da degradante situação do País referimo-nos ao retrocesso económico e social que este
Governo impôs ao País e aos portugueses. E quando falamos do apodrecimento deste Governo falamos dos
caricatos e lamentáveis episódios que se seguiram à demissão do ex-Ministro de Estado e das Finanças.
Episódios nunca vistos e a fazer lembrar o clássico anúncio da chegada de um circo. Do género «pela primeira
vez em Portugal, o maior espetáculo do mundo»! Uma tristeza degradante, que enxovalhou completamente
este Governo e que em nada dignificou a nossa democracia.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Governo que Os Verdes hoje censuram é o Governo que mentiu aos portugueses, o Governo que
prometeu não aumentar impostos e que acabou por colocar às costas dos portugueses a maior carga fiscal de
sempre.
O Governo que Os Verdes censuram é Governo que virou as costas aos portugueses, o Governo que
tomou posse com o desemprego nos 11% e que, passados dois anos, o coloca nos 18%.
O Governo que hoje censuramos é o Governo que nos está a endividar., o Governo que toma posse com a
divida pública nos 95% e que passados dois anos a coloca nos 127% do PIB.
O Governo que é objeto de censura é o Governo que só pensa na banca, nos mercados e nos interesses
dos grandes grupos económicos, o Governo que encontra o défice nos 4,2% e que passados dois anos o
coloca nos 8,8% do PIB, valor, aliás, que disparou para os 10,6% com a recapitalização do Banif.
O Governo que censuramos é o Governos dos swaps, dos negócios fabulosos, onde o Estado vende um
banco por 40 milhões de euros e agora vai ter de dar ao comprador o triplo do valor que o Estado recebeu pela
venda.
O Governo que hoje censuramos é o Governo que não se cansa de impor sacríficos aos portugueses e
que, ao mesmo tempo, não resolve o problema do desemprego, não resolve o problema da divida pública, não
resolve o problema do défice e não resolve o problema da nossa economia.
Para mal dos portugueses, este Governo é um desastre em toda a linha.
O Governo que hoje censuramos é o Governo desgastado pelas inúmeras lutas sociais que conheceram
uma dimensão sem precedentes na nossa história democrática.
Este é o Governo que convive mal com o Estado social, que procedeu a uma ofensiva sem precedentes
aos direitos dos cidadãos, que agravou as injustiças sociais e que desencadeou um brutal ataque à natureza,
aos recursos naturais e ao património através do seu abandono, delapidação ou privatização.
Este é o Governo que não consegue apresentar um Orçamento do Estado dentro do quadro constitucional.
Este é o Governo suportado por uma maioria que deixou de representar a expressão dos portugueses.
Este é o Governo que já foi censurado pelo Presidente da República, que lhe encurtou a validade.
Este é o Governo que vive com o coração nas mãos, porque a qualquer altura podem, inesperadamente,
surgir novas decisões irrevogáveis.
Este é o Governo dos pés atados, que nem uma remodelação consegue fazer, porque o Presidente da
República também a censurou.
Este é o Governo que foi censurado pelo próprio ex-Ministro das Finanças, que, a passos largos bateu com
as portas.
Este é o governo que foi censurado pelo ex-futuro-ex-Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o tal
da revogabilidade especial.