25 DE JULHO DE 2013
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as suas palavras: «(…) nada foi referido a respeito desta matéria. (…) não foi passada essa informação na
reunião com o Sr. ex-Secretário de Estado». E disse mais, declarou na Comissão de Inquérito «(…) que se
tivesse sido alertada no dia 30 de junho era capaz de ter atuado um pouco mais cedo». Repito: «se tivesse
sido alertada no dia 30 de junho era capaz de ter atuado um pouco mais cedo».
Desde então, a Ministra foi desmentida por cinco — cinco! — personalidades envolvidas neste processo:
pelos ex-Governantes Costa Pina e Teixeira dos Santos, pelos responsáveis do Tesouro, Pedro Felício e Elsa
Roncon, e até pelo próprio Vítor Gaspar, à data Ministro de Estado e das Finanças, que esclareceu que o
Governo estava ao corrente no exato momento da transição de pastas.
Portanto, Sr.as
e Srs. Deputados, há datas, reuniões e troca de correspondência que garantem que Maria
Luís Albuquerque foi informada sobre o dossier dos swaps mal tomou posse, havendo mesmo garantias de
que foram efetuadas reuniões que abordaram o tema swap no próprio dia da tomada de posse do Governo e
de que Maria Luís Albuquerque terá expressado preocupações relativamente a alguns contratos swap
efetuados pela Metro do Porto.
Os relatos, Sr.as
e Srs. Deputados, não são compagináveis. Alguém, portanto, está a mentir: ou estas cinco
personalidades ou então Maria Luís Albuquerque. A dúvida não pode ficar a pairar.
Acontece que não é apenas sobre o conhecimento ou não da questão contratos que a Sr.ª Ministra é
colocada em causa.
Na mesma audição da Comissão de Inquérito, Maria Luís Albuquerque veio apresentar uma ideia aos
portugueses, a de que a resolução dos contratos com a banca não custou nada aos cofres do Estado. E disse:
«isto não custou dinheiro aos contribuintes». Foram estas as suas exatas palavras.
É falso! É a própria informação fornecida pelo Ministério das Finanças que mostra que, afinal, os contratos
positivos do IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública) não eram simétricos aos contratos
do setor empresarial do Estado e que mostra como, afinal, e ao contrário do que disse enganadoramente
Maria Luís Albuquerque, «isto» — como lhe chamou — custou mesmo dinheiro aos contribuintes. E custou já
perto de 300 milhões, para além do dinheiro retirado ao IGCP, porque a atual Ministra escolheu pagar à banca
e não levou nenhum contrato especulativo a tribunal, pedindo a sua anulação, como fizeram empresas
privadas e instituições públicas noutros países.
Maria Luís Albuquerque sabia que o fecho das posições do IGCP apenas iria garantir 830 milhões de euros
e que já tinham sido pagos mais de 1000 milhões de euros. Mesmo assim, enganou os portugueses dizendo
que a opção que tomou não iria custar nada.
Sr.as
e Srs. Deputados, nos tempos que vivemos, o Governo não pode cortar pensões, salários e serviços
públicos e no mesmo momento pagar 1029 milhões à banca, não para diminuir dívida contraída, mas apenas
em pagamentos extra de contratos, muitos deles especulativos. Não pode!
Como não pode o País ter à frente do Ministério das Finanças alguém que apresentou uma versão
enganosa aos portugueses, escondendo-lhes uma conta de cerca de 300 milhões.
O País não pode ter à frente do Ministério das Finanças alguém sobre a qual impendem acusações de
tornear a verdade dos factos para tentar alijar as suas responsabilidades políticas.
Ontem, a maioria PSD e CDS decidiu, pela primeira vez no âmbito desta Comissão de Inquérito, chumbar
um pedido de audição, quando o Bloco de Esquerda pediu a presença urgente da Sr.ª Ministra de Estado e
das Finanças no Parlamento. Recusaram esse esclarecimento que é indispensável e inadiável ao País.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Queira fazer o favor de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
«O Primeiro-Ministro deu-me a garantia absoluta de que sobre a Dr.ª Maria Luís Albuquerque não pesa
qualquer coisa menos correta. Foi uma garantia absoluta que recebi do Sr. Primeiro-Ministro», foi o que disse
o Sr. Presidente da República. Sabemos agora que estas garantias são frouxas e estão sob suspeita. É que,
ao contrário do que garantiu o Sr. Primeiro-Ministro, tudo indica que, afinal, coisas menos corretas pesam
mesmo sobre a Sr.ª Ministra das Finanças.
Aplausos do BE.