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I SÉRIE — NÚMERO 115

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O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Honório Novo, entre nós, há um mar que nos

separa. Não só há esta distância física a que nos encontramos, mas, ao longo destes anos, encontrámos

divergências de fundo: o Sr. Deputado terá conceitos de propriedade privada, de organização do Estado, de

exercício de cidadania bastante distantes e bastante diferentes daqueles que nós defendemos e em que

acreditamos. De qualquer forma, Sr. Deputado Honório Novo, não tive o prazer de o conhecer fora das lides

parlamentares, mas posso afirmar que, neste Parlamento, sempre defendeu as suas convicções com uma

firmeza e também com uma frontalidade e com uma capacidade de respeito absolutamente assinaláveis.

Na altura em que o Sr. Deputado renuncia ao seu mandato e em que vai deixar o cumprimento da missão

parlamentar, que durante longos anos aqui desempenhou, queria, em nome da bancada do PSD,

cumprimentá-lo e agradecer-lhe a forma, muitas vezes até simpática e com um sentido de humor apreciável,

com que exerceu essas funções.

Imagino que o Sr. Deputado vá andar por aí, porque, sendo um ator político com muitos anos de carreira,

não se afastará, com certeza, das suas funções partidárias nem da sua intervenção política. Por isso, teremos,

com certeza, o prazer de nos encontrarmos, nós os dois ou com outros dos meus companheiros, em confronto

político e dentro do respeito a que nos habituámos.

Muito obrigado, Sr. Deputado, e muitas felicidades.

Aplausos do PSD e da Deputada do PS Isabel Alves Moreira.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de

Esquerda.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, Sr. Deputado Honório Novo, em

nome da bancada do BE, quero, por um lado, deixar uma nota de respeito pelo seu trabalho e, por outro lado,

deixar uma nota muito pessoal de simpatia pelos momentos que partilhei consigo na Comissão de Orçamento

e Finanças.

Creio que há poucos exemplos que demonstram que é possível juntar à retidão e à responsabilidade a

ironia e o humor. De facto, a política não tem de ser cinzenta e a ironia, muitas vezes, é uma forma nobre de

inteligência e é mais mordaz do que grandes explicações técnicas ou do que grandes teorias políticas.

Penso que o exemplo que deu em muitas das suas intervenções parlamentares e em muitos dos

momentos que esta Assembleia partilhou com o País demonstra essa capacidade de juntar à fineza da

argumentação a capacidade de também, mexendo com a ironia e com o humor, demonstrar as dificuldades da

vida e as escolhas políticas que muitas vezes foram erradas para o País.

Pelo que conheci de si, Sr. Deputado Honório Novo, ao longo destes dois anos, este não é, nem poderia

ser nunca, um momento de despedida. Esse não é o espaço de quem está na política por convicção e de

quem considera que a política também não se esgota na Assembleia da República. A política é um ato de

cidadania, e aqui dentro, tal como lá fora, é um espaço de convicções e de militâncias, pelo que estamos todos

convictos de que iremos partilhar essa sua militância em outros espaços.

Mas esta é, de facto, uma página que se vira e que ficará como um dos momentos mais elevados destes

últimos anos parlamentares.

Relativamente à sua declaração política, vou deixar uma nota apenas sobre o que foi um dos últimos dias

do índice Gaspar, que tinha o símbolo do gato e que morreu, infelizmente para ele próprio, mas felizmente

para o País, naquela carta de demissão de Vítor Gaspar.

Esse índice era a prova da destruição da austeridade. E se mais provas fossem necessárias, bastava

olharmos para a realidade, bastava olharmos para a vida das pessoas para percebermos que ela não tem

saída.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Concluo já, Sr. Presidente.

A pergunta que lhe faço é se vê saída neste Governo quando diz que existe e vive para manter esta política

e para ir ainda mais além, com o corte de 4700 milhões de euros na vida das pessoas e do Estado.