12 DE SETEMBRO DE 2013
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Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: É neste contexto, com estes factos e com esta prudência, que
devemos enfrentar os exigentes desafios que estão à nossa frente. A todos, porque é o País que está em
causa, pedimos que estejam à altura das suas responsabilidades.
Diálogo social entre e com os parceiros sociais, sentido de dever de todos os órgãos de soberania e
sentido de compromisso político entre os partidos são pressupostos essenciais para que possamos recuperar
a nossa soberania plena e sair deste período negro, que atravessamos, pela terceira vez, em 39 anos de
democracia.
Precisamos de estar à altura do momento, de perceber que não seria bom para ninguém que se criasse a
ideia (interna ou externamente) de que, em Portugal, há um País e dois sistemas, de que, no Estado, há mais
salário, mais aposentação, mais garantia de emprego, e até havia menos horas de trabalho; já no setor
privado, onde trabalham cerca de 80% dos portugueses, há menos salário, menos reforma, menos garantia de
emprego e, apesar de tudo isto, até havia mais horas de trabalho. Temos e devemos preservar a união de
todos e garantir que há maior igualdade de tratamento de todos, para todos e entre todos.
Bem sabemos, e este é o terceiro tema que gostaria de abordar, que vivemos em ambiente de pré-
campanha e que as declarações da oposição devem ser interpretadas neste contexto, mas não deixa de ser
surpreendente que o maior partido da oposição diga, à segunda-feira, que não aceita a mobilidade especial
que criou, à terça-feira, que é contra a convergência de pensões da Caixa Geral de Aposentações, à quarta-
feira, que discorda da alteração do horário de trabalho na função pública, à quinta-feira, que votará contra um
Orçamento que desconhece, para, à sexta-feira, vir propor uma redução substancial na receita do Estado. Não
é bom para a democracia que assim aconteça e creio mesmo que não será bom para o PS, pois os
portugueses sabem bem o que custou (e custa) prometer ilusões em troca de votações.
Um bom exemplo disto, Sr.as
e Srs. Deputados, são as recentes declarações do Secretário-Geral do Partido
Socialista, relativas ao abono de família.
Aquando da aprovação deste regime, pelo então Ministro Bagão Félix, foi instituída a atribuição de um
montante adicional, com vista à compensação de encargos escolares, no 1.º escalão de rendimentos.
Durante o primeiro Governo de Sócrates foi instituída uma majoração de 25% para o valor dos 1.º e 2.º
escalões do abono de família para crianças e jovens.
Ainda durante o primeiro Governo de Sócrates, foi alargado o pagamento do montante adicional do abono
de família (anteriormente apenas aplicável aos beneficiários do 1.º escalão de rendimentos) a todos os
beneficiários do abono de família.
Já no segundo Governo de Sócrates, o pagamento do montante adicional do abono de família voltou a ser
apenas para o 1.º escalão, retomando a versão original, para, também no segundo Governo de Sócrates, ser
eliminada a atribuição do abono de família em relação aos 4.º e 5.º escalões e a majoração de 25% para o 1.º
e 2.º escalões, que havia sido fixada em 2008, precisamente pelo Governo de Sócrates.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Assim vemos como vai o Partido Socialista. O Secretário-Geral do
Partido Socialista vem, agora, propor o alargamento deste abono, que um Governo de centro direita criou, que
um Governo do Partido Socialista, em véspera de eleições, alargou, que o mesmo Governo do Partido
Socialista, depois de eleições, retirou.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Agora, em véspera de eleições, o PS quer que este Governo,
debaixo de um resgate, reponha aquilo que o PS retirou há três anos, e sem estar sob qualquer tipo de
assistência financeira. Para isto, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, é que é preciso ter vergonha na cara!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Não obstante, o CDS está, como sempre esteve e estará,
disponível para o diálogo social e para o compromisso político, que, mais do que desejável, é inevitável, face à
situação do País.
Aguardemos, pois, que este período passe, que a «normalidade» e a tranquilidade regressem e que seja
possível, num quadro de profundo diálogo partidário, encontrarmos as melhores soluções para Portugal e para