I SÉRIE — NÚMERO 118
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Deixem-me dizer-vos aqui que, se tivesse vergonha na cara, também o PP não votaria este Orçamento,
porque o novo ciclo em que reentraram no Governo foi rapidamente abandonado e já não existe nas políticas.
Aplausos do PS.
Nós damos um sinal construtivo. Já no dia 3 de outubro, a maioria terá uma nova oportunidade de arrepiar
caminho. As propostas do PS, de redução do IVA na restauração, de incentivos às pequenas e médias
empresas, de apoio aos inquilinos com mais dificuldades de adaptação à lei das rendas e de aplicação de
regras de justiça no cálculo do imposto municipal sobre imóveis, não são uma panaceia para o País mas são
um sinal de um outro caminho e de uma outra política.
Não é nas palavras mas nos atos, Srs. Deputados, que o consenso pode ter consequências.
Não podemos esperar outra coisa da maioria que não a aprovação das propostas que aqui serão votadas
no dia 3 de outubro, porque são propostas boas para Portugal e para os portugueses.
E, Srs. Deputados, tal como nos incêndios, tal como na cidadania, tal como em tudo na vida, é o bem
comum e o interesse nacional que nos deve inspirar.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Neste reinício dos trabalhos,
gostaria de, em nome do CDS, destacar quatro temas que nos parecem relevantes.
O primeiro é o dos sinais na economia que o País conheceu, no último trimestre, e que, a nosso ver, sendo
positivos, não podem ser dados por garantidos, porque ainda não têm consistência suficiente, mas, sendo tão
variados, revelam uma coerência que nos deve servir de alento para o que ainda temos para fazer. Do que
Portugal realmente precisa é de que esta coerência seja uma verdadeira e duradoura tendência.
Na verdade, ocorreram, no último trimestre, oito factos que nos parecem relevantes.
Primeiro facto: Portugal registou, no 2.º trimestre de 2013, um crescimento de 1,1%, ou seja, tivemos um
trimestre a crescer, não em termos homólogos, é certo, mas interromperam-se 11 trimestres (1000 dias!)
consecutivos de recessão económica.
Segundo facto: deu-se o caso de esses valores serem os melhores da zona euro e até superiores à média
dos países da União Europeia.
Terceiro facto: no desemprego, a maior fratura social do nosso País, registou-se, em cinco meses
consecutivos, uma diminuição global de 1%, mas, mesmo mantendo valores muito altos (inaceitáveis mesmo),
não deixa de ser importante registar que temos os primeiros sinais de criação de emprego.
Quarto facto: há melhorias, ainda que não sustentadas mas melhorias, na produção industrial.
Quinto facto: começa a haver uma recuperação no consumo alimentar, ascendendo a valores positivos,
facto que não ocorria desde 2011, há 2 anos.
Sexto facto: invertendo uma tendência preocupante, o número de empresas que foram criadas foi, pela
primeira vez, em muitos meses, superior ao número de empresas que encerraram. No 1.º semestre de 2013
foram criadas 20 051 empresas e encerradas 6848, num saldo favorável de 13 203 empresas, que também
são postos de trabalho criados.
Sétimo facto: as exportações, no último mês, atingiram uma subida record de 5,5%, em termos homólogos,
e de 9,6%, face ao mês passado, mérito das empresas, dos empresários e dos trabalhadores do setor privado.
Oitavo facto: o turismo, um setor que foi, é e deve continuar a ser uma aposta do nosso País, tem dado
sinais que nos aumentam a esperança de este ser o melhor ano de sempre do turismo português. Houve
fatores externos que contribuíram para isso? Houve! A instabilidade no Norte de África, resultante das
denominadas «primaveras árabes», afastou muitos turistas dessa região? Afastou! Mas é um desrespeito pelo
esforço das empresas, dos empresários e trabalhadores do setor não reconhecer que o mercado turístico é
muito competitivo, que competimos com outros destinos e que Portugal soube adaptar-se melhor do que
outros países, como a Espanha, a Grécia, a Croácia ou Malta, na captação desses novos mercados.