12 DE SETEMBRO DE 2013
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes entendem que
hoje se impõe que a Assembleia da República aborde a questão dos fogos florestais, que ficam novamente
marcados como o flagelo do País no verão de 2013.
O Parlamento fará um debate a curto prazo sobre a matéria, mas hoje impõe-se que se façam já algumas
referências que levem quem tem responsabilidade política a ter consciência de questões que não podem
deixar de ser abordadas, porque elas são também resultantes de políticas descuidadas e da atribuição de uma
importância reduzida a algo que tem importância vital.
Nos anos de 2003 e de 2005, anos de grande flagelo de fogos florestais, a tendência dos governantes foi
remeter a responsabilização para o fator metereológico. Em 2013, a tendência de alguns foi remeter a
responsabilização para os incendiários criminosos. Num ou noutro caso, é preciso ter consciência que existem
outros fatores que determinam a dimensão de um fogo florestal e a dimensão que ele pode atingir. E é aqui
que é preciso que os olhos se abram e que, de uma vez por todas, neste país se aja em conformidade.
Em 1990, a Assembleia da República produziu um relatório que determinava um conjunto de orientações
necessárias para a prevenção — repito, prevenção — dos incêndios florestais. Entre elas, encontravam-se a
proibição de substituição de espécies florestais por outras técnica e ecologicamente desadequadas, a abertura
de caminhos e aceiros que facilitem o acesso ou sirvam de estanque aos incêndios e a limpeza das matas.
É preciso perguntar por que razão, passadas mais de duas décadas, se o Parlamento fosse produzir novo
relatório, estas mesmas conclusões de 1990 teriam que ser reproduzidas. Como foram reproduzidas em
relatórios após os incêndios de 2003 e de 2005, sê-lo-iam em 2013. Ora, há então aqui qualquer coisa que
tem falhado, e onde se tem falhado muito é nas políticas de prevenção dos fogos.
Refiro o abandono do mundo rural e todas as políticas que têm contribuído para a desativação do mundo
rural prejudicaram a floresta. E quando se encerraram escolas e unidades de saúde, por exemplo, em zonas
mais rurais também se contribuiu para retirar potencial à redinamização do mundo rural. As pessoas saem de
lá e a floresta fica entregue a si própria!
Diminuiu-se, e muito, o número de guardas florestais. E quando se despedem funcionários públicos é
também a vigilância do nosso património que estamos a descuidar. A vigilância da floresta é tão necessária
como a vigilância costeira, porque é cuidar dos nossos espaços e da nossa segurança, mas, se não houver
funcionários para a fazer, ela não se faz. E os guardas florestais sempre tiveram um papel fulcral na primeira
intervenção sobre os fogos florestais.
O eucalipto é uma das espécies que arde mais facilmente e é, hoje, a espécie predominante da nossa
floresta. Em 1990 não era, mas hoje é, representando mais de 800 000 hectares de floresta. De 1995 até 2010
teve um aumento de 13%, em área. Aqui «rolou-se o filme» ao contrário no que respeita ao que era preciso
para se atingirem bons resultados e, a agravar a situação, este Governo aprovou um novo regime de
arborização e de rearborização que facilita ainda mais o crescimento do eucaliptal no País.
Das coisas que os bombeiros mais se queixaram foi das dificuldades de acesso. Abertura de caminhos
onde é possível ou abertura de faixas de contenção é algo que continua por existir na generalidade da nossa
floresta. E não podem ser as populações a abrir esses acessos, como é óbvio! Há bombeiros que tiveram de
caminhar uma ou duas horas para conseguirem chegar ao incêndio, chegando lá já mais que exaustos!
Queixaram-se os bombeiros muito, muito, da falta de limpeza das matas. E ainda está por desvendar o que
pode ter acontecido a muitas linhas de água, ao nível da contaminação, decorrente dos fogos florestais
ocorridos e também ao nível da erosão.
É preciso olhar atentamente para a execução do PRODER no que respeita à defesa da floresta, que ronda
uma taxa muito reduzida.
São estes exemplos, Sr.as
e Srs. Deputados, que demonstram que não se está a agir em conformidade
com as aprendizagens que se deviam ter do passado. A prevenção tem sido nitidamente descurada. Aposta-
se muito mais no combate do que na prevenção. É preciso inverter esta lógica. O Sr. Ministro da
Administração Interna, principal responsável pelo combate aos fogos, deve perceber que o combate é tanto
mais difícil quanto menor for a prevenção. Deve ser o primeiro a exigir, dentro do seu Governo, uma política
séria de prevenção de fogos florestais e de defesa da floresta. Mas é para começar já!
Esta é, Sr.as
e Srs. Deputados, inclusivamente, a melhor forma de ajudar os nossos bombeiros que hoje
aqui homenageámos, que, numa demonstração de heroísmo absoluto, de uma solidariedade infindável, de