3 DE OUTUBRO DE 2013
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A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Carlos Zorrinho, tem a palavra.
A Mesa distraiu-se de novo, mas também o Sr. Deputado Luís Montenegro não obedeceu à chamada de
atenção da Mesa.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — É verdade! Peço desculpa!
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado Carlos Zorrinho.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, como sabe, e foi
anunciado pelo Secretário-Geral do Partido Socialista, nós estamos já a preparar o Programa do Governo…
Risos do PSD e do CDS-PP.
… e eu terei muito gosto em dar-lhe um dos primeiros exemplares, onde poderá compreender como se
pode resolver o problema do País com crescimento e com emprego.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr. Deputado, queria agradecer-lhe a forma elegante como reconheceu o
óbvio, mas reconheceu-o. Reconheceu a vitória histórica do Partido Socialista nestas eleições!
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Nós fomos muito humildes: dissemos que, para nós, ganhar as eleições era
ter mais um voto.
Mas houve quem nos quisesse criar dificuldades como, por exemplo, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa
que foi à televisão e disse: «Não, o PS só ganha se tiver uma vitória expressiva e uma vitória expressiva é ter
mais 15 câmaras do que a soma dos partidos da direita»; depois, o Dr. Marques Mendes não quis ficar atrás e
foi também à televisão e disse: «Não, 15 é pouco. Para ser uma vitória expressiva, tem de ser 20.»
Pois olhe, Sr. Deputado, não foram 15, nem 20, nem 15 mais 20!… Foram 39! Foram 39 câmaras a mais
que nós ganhámos!
Aplausos do PS.
E sabe, Sr. Deputado, eleições locais não são eleições nacionais,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — … mas, quando se realizam com dois anos de diferença, têm de ter uma
leitura nacional — aliás, o Sr. Deputado foi muito claro nisso.
Em 2001, houve uma leitura nacional, porque tinha havido eleições nacionais em 1999, ou seja, dois anos
antes; em 2005, as eleições autárquicas realizaram-se a seguir à conquista de uma maioria absoluta, alguns
meses depois; em 2009, as eleições autárquicas realizaram-se duas semanas a seguir à validação de uma
eleição nacional; agora, não, aqui há dois anos e, portanto, há a capacidade de os portugueses julgarem, em
simultâneo, do ponto de vista local e do ponto de vista nacional. E o que se verifica é que os portugueses já
não confiam no PSD.
Mas sabe, Sr. Deputado, aquilo que verdadeiramente me preocupa não é que os portugueses não confiem
no seu Governo mas, sim, que o PSD e o CDS não confiem nos portugueses, ou seja, não oiçam aquilo que
os portugueses lhes disseram nas urnas e que mantenham, com teimosia, um caminho que não dá resultado.
Sr. Deputado, quem sou eu para lhe dar conselhos, mas quero dar-lhe um e não é um dos 150 concelhos
que ganhámos, é um conselho com «s»: sejam humildes, oiçam os portugueses!