I SÉRIE — NÚMERO 8
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Por entendermos que é necessário que os doentes com esclerose múltipla e os demais doentes crónicos
tenham um tratamento adequado, propomos que sejam, efetivamente, disponibilizados esses tratamentos
adequados, que seja respeitada a autonomia da prescrição clínica, que seja travada a alteração coerciva da
medicação disponibilizada nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e, por fim, mas muito importante, que
os hospitais sejam dotados de verbas necessárias para a aquisição de medicamentos aprovados e com
autorização para a comercialização e que sejam adequados ao tratamento do doente.
Porém, Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, isto só é possível com outra política e com outro Governo Com
uma política que, efetivamente, valorize o Serviço Nacional de Saúde, que cumpra a Constituição…
Protestos do Deputado do CDS-PP João Serpa Oliva.
… e que não delapide o Serviço Nacional de Saúde, mas que o dote financeiramente, não como os
governos anteriores fizeram e que este, até na preparação do próximo Orçamento do Estado, já se prepara
para fazer.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto para uma intervenção.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria de começar por saudar os
peticionários, mais de 5000 homens e mulheres que se dirigiram à Assembleia da República e trouxeram a
debate uma preocupação muito séria com uma doença crónica com muitas especificidades e com um impacto
muito significativo nos doentes, nas suas famílias e nos seus amigos.
Os estudos apontam — e vou apenas dar um exemplo — para o facto de a maioria das pessoas com
esclerose múltipla estar a trabalhar quando é diagnosticada a doença, mas, 10 anos depois, os mesmos
doentes estão desempregados. Fica, assim, bem patente o impacto social desta doença.
Acompanhamos, por isso, as preocupações dos peticionários e apresentamos um projeto de resolução que
reafirma aquilo que, do nosso ponto de vista, é obrigação do Serviço Nacional de Saúde: o tratamento
adequado de todos os doentes com esclerose múltipla em Portugal, nomeadamente num aspeto fundamental,
que é o da disponibilização, em todos os hospitais (sublinho: em todos os hospitais) de medicação de primeira
e de segunda linha e que se termine, de vez, com práticas em sentido contrário que se têm vindo a verificar
em vários hospitais, como, por exemplo, no Hospital de Braga e no Centro Hospitalar de S. João, e que
terminem também as situações em que os doentes são obrigados a significativas deslocações para aceder
aos medicamentos.
O critério para a medicação só pode ser clínico e de mais nenhum tipo. Sabemos que as políticas do
Ministério da Saúde, as políticas deste Governo, não têm ido neste sentido. É preciso travar, em todas as
situações mas, concretamente, nesta situação, e dar aos doentes de esclerose múltipla o tratamento
adequado e devido.
Essa é uma obrigação do Serviço Nacional de Saúde e deveria ser um compromisso deste Parlamento.
Aplausos do BE e de Deputados do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado João Serpa Oliva, tem a palavra para uma intervenção.
O Sr. João Serpa Oliva (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero começar por saudar
os mais de 5600 peticionários que assinaram esta petição e que nos trazem a certeza de que a Assembleia da
República vai discutindo este tipo de problemas. O CDS, aliás, está particularmente à vontade nesta matéria,
porque acompanha a situação dos portadores de esclerose múltipla há vários anos.
Como todos sabemos, é uma doença que afeta o sistema nervoso central e que frequentemente é
diagnosticada entre os 20 e os 40 anos e afeta cerca de 2 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de
6000 em Portugal.