11 DE OUTUBRO DE 2013
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acompanha esta petição, que algumas administrações hospitalares têm vindo a dar orientações aos médicos
para prescreverem apenas um único fármaco a todos os doentes, ainda que possa não ser o mais adequado a
cada caso.
Segundo as associações, a escolha, que é feita tendo por base critérios económicos em detrimento dos
critérios clínicos, recai, é claro, no medicamento mais barato. Pouco interessam os critérios clínicos, pouco
interessam as necessidades específicas de cada doente. O que interessa, para este Governo, são os
números. Só os números lhe interessam.
Temos, assim, um Ministério da Saúde que cada vez mais se confunde com uma Secretaria de Estado do
Ministério das Finanças, que, em vez de ver doentes, apenas vê números, apenas vê euros.
Para terminar, quero dizer que Os Verdes acompanham as preocupações dos subscritores desta petição e
vão votar a favor das iniciativas legislativas que sobre esta matéria também estão em discussão e que
pretendem: garantir o essencial para os doentes com esclerose múltipla, ou seja, garantir os tratamentos
adequados, tendo em conta as características dos doentes e o estádio da doença; que sejam asseguradas
aos doentes com esclerose múltipla as melhores práticas clínicas; e que seja respeitada a autonomia da
prescrição médica.
É que a denúncia das associações — a confirmar-se, como tudo indica que sim — de que há
administrações hospitalares a dar orientações aos médicos para prescreverem apenas um único fármaco a
todos os doentes, ainda que possa não ser o adequado a cada caso, é uma vergonha à qual é necessário pôr
termo, é uma prática estranha à nossa democracia, que deveria, aliás, envergonhar todos os membros do
Governo e, em especial, o nosso Ministro da Saúde.
Aplausos do PCP e da Deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma última intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria
Manuela Tender.
A Sr.ª Maria Manuela Tender (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Discutimos, hoje, a
petição n.º 185/XII (2.ª), através da qual 5642 cidadãos se manifestam «Pela defesa do tratamento adequado
de todos os doentes com esclerose múltipla em Portugal» e que deu entrada na Assembleia da República há
precisamente um ano.
Gostaria, pois, Sr.ª Presidente, de começar por saudar os representantes dos peticionários, agradecer-lhes
terem trazido ao Parlamento uma questão tão importante, como é a do acesso aos tratamentos da esclerose
múltipla, e dizer que a sua petição já valeu a pena, pois permitiu sensibilizar os diversos grupos parlamentares
para esta temática, que também tem merecido a maior atenção do Governo.
O objeto da petição que discutimos convoca-nos a todos para uma cuidada ponderação das pretensões
dos peticionários, já que, bem o sabemos, a esclerose múltipla é uma doença crónica extremamente grave,
que afeta o sistema nervoso central e que tem efeitos verdadeiramente devastadores na qualidade de vida dos
seus portadores.
Por isso, enquanto Deputada relatora desta petição, dediquei importante tempo a ouvir entidades diversas
que pudessem contribuir para um adequado esclarecimento das complexas e melindrosas questões em
presença.
Assim, foram ouvidos os peticionários, foi solicitada informação ao Ministério da Saúde e recebemos
também os importantes contributos das Comissões de Farmácia e Terapêutica do Hospital de Braga e do
Centro Hospitalar de São João, bem como do Colégio de Neurologia da Ordem dos Médicos.
Estas diligências permitiram evidenciar que existe entre os responsáveis políticos, técnicos e científicos
uma compreensão genuína pela situação dos portadores de esclerose múltipla, tendo ficado também claro que
Portugal está ao nível do que de melhor se faz no mundo no tratamento desta patologia, pelo que o Colégio de
Neurologia da Ordem dos Médicos não considerou necessário proceder a uma alteração da legislação em
matéria de tratamento da esclerose múltipla.
De tal modo assim é que os projetos de resolução que foram apresentados pelos Grupos Parlamentares do
PCP e do Bloco de Esquerda nesta matéria, assim se arrastando à discussão desta petição, também não
recomendam ao Governo a alteração da legislação vigente.