11 DE OUTUBRO DE 2013
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melhor representatividade, eficácia e pluralidade. Não faz sentido, por exemplo, que uma lei com este alcance
não inclua também representantes do ensino especial ou dos emigrantes.
A verdade é que esta lei tem estado sujeita a inúmeras alterações avulsas, ao sabor dos interesses de uns
e de outros, sem que uma visão de conjunto seja devidamente acautelada, o que pode afetar
irremediavelmente a sua funcionalidade e, por maioria de razão, a eficácia da intervenção daqueles que estão
em representação das nossas comunidades.
Por isso, com sentido de responsabilidade, defendemos que este projeto, ao baixar à respetiva comissão
especializada, seja analisado de forma cuidada, no âmbito de um grupo de trabalho que aperfeiçoe os aspetos
da lei que permitam ao Conselho Nacional de Educação ter a eficácia que todos desejamos que tenha.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos para uma intervenção.
O Sr. João Ramos (PCP). — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Discutimos hoje a inclusão no Conselho
Nacional de Educação de dois representantes do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), legítimos
representantes das comunidades emigrantes espalhadas pelo mundo.
O PCP concorda a participação dos conselheiros das Comunidades no Conselho Nacional de Educação,
porque entendemos que esta pode ser uma importante forma de defesa do sistema de ensino do português do
estrangeiro (EPE).
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É verdade!
O Sr. João Ramos (PCP): — Não deixaremos, contudo, que esta proposta mascare os malefícios que o
PSD e o CDS têm feito ao ensino da língua e da cultura portuguesas. Tal como denunciamos que, a manter-se
a asfixia financeira imposta ao CCP, que o tem impedido de reunir, os conselheiros das Comunidades não
terão condições para participar nas reuniões do conselho de educação.
O PCP sempre tem defendido uma participação ativa das comunidades e dos seus representantes nas
estruturas que lhe dizem respeito e por isso sempre valorizou o Conselho das Comunidades e o seu papel e
pugnou como nenhuma outra força política para que o mesmo tivesse as condições necessárias,
nomeadamente financeiras, para o seu funcionamento. A Assembleia da República solicitou o parecer do CCP
sobre a matéria que hoje discutimos, coisa que o Governo não faz sobre matérias que têm implicações, e
muitas, na vida das Comunidades.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — A ação deste Governo, em matéria do ensino da língua e da cultura
portuguesas, tem sido criminosa, porque o Governo, como o PCP tem denunciado, está empenhado em
destruir o ensino de português no estrangeiro.
Os filhos dos emigrantes são os únicos portugueses que pagam propina para a frequência do ensino
básico.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — O Governo não tem pejo em aplicar uma propina aos emigrantes quando
utiliza as remessas financeiras que chegam a Portugal como indicador de sucesso das suas políticas. Na
verdade, essas remessas são o indicador do empobrecimento que as suas políticas promovem.
Em julho, na Europa, o número de alunos com propina paga reduziu 25% face ao ano letivo anterior. Esta
semana, o Secretário de Estado das Comunidades não foi esclarecedor sobre esses mesmos números.
Desde 2010, o ensino de português no estrangeiro perdeu cerca de 250 professores. No entanto, nos
últimos dois anos, terão saído do País cerca de 250 000 portugueses.