I SÉRIE — NÚMERO 17
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Afirmar isto não é pressionar ninguém.
Como tenho dito, vivemos um tempo em que todos estamos pressionados a responder às exigências do
presente e do futuro. Mas hoje quero aqui denunciar que aqueles que teimam em ver nestas palavras uma
pressão ao Tribunal Constitucional são precisamente os mesmos que, de forma velada, fazem a pressão
contrária.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Uma democracia madura não se compadece com esta histeria, um
debate democrático maduro deve conviver com a opinião livre e com o respeito pelas decisões soberanas.
Mas, Sr. Deputado Alberto Martins, a sua opinião e a do Partido Socialista não são mais livres do que a
nossa opinião!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A sua putativa pressão não é mais legítima do que a nossa. Tenhamos todos a maturidade de cumprir a
democracia sem complexos e de forma a que todos possam assumir as suas responsabilidades.
É, aliás, com igual espírito que quero dizer ao Partido Socialista que o programa de recuperação do País
que o Governo está a empreender está inscrito na legitimidade plena do Governo e da maioria.
Acenar, como ontem foi aqui feito, com o uso abusivo do poder é democraticamente intolerável. O uso
abusivo do poder poderia ser, quando muito, um governo encaminhar o País para a bancarrota, como fez o
anterior, não um que salve o País dessa bancarrota e dessa insolvência.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, este debate deixa uma outra marca: um Partido Socialista só,
autoexcluído do debate sobre o futuro do País, um Partido Socialista que só tem uma estratégia —
descomprometimento.
Quero, nesta ocasião, insistir em dizer ao Partido Socialista que nós contamos com a sua colaboração para
a reforma do Estado e para o futuro.
Quem se pergunta sobre a necessidade ou a oportunidade de reformar o Estado, não pode deixar de se
perguntar se acha justo pagar os impostos que paga. A resposta é óbvia para qualquer português: não, a atual
carga fiscal é excessiva. E se é excessiva, logo, não pode ser justa.
Não me vou alongar sobre as razões da estrita necessidade do atual enquadramento fiscal. As razões são
conhecidas. O que importa aqui verdadeiramente deixar claro é que todo este esforço que o Governo e a
maioria estão a colocar na reforma e na modernização do Estado português tem como principal propósito
reduzir o peso do Estado para que o Estado custe menos a cada um dos cidadãos.
Só assim é possível reduzir e aliviar a carga fiscal sobre os portugueses, sobre as famílias e sobre as
empresas. E era neste objetivo que queríamos contar com o Partido Socialista.
Vozes do PS: — Tenha vergonha!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Quero aqui renovar a nossa disponibilidade para podermos cumprir uma
deliberação deste Parlamento, que constituiu uma comissão que só não está a funcionar por falta de
comparência dos Deputados da oposição, incluindo os Deputados do Partido Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Estado tem de procurar em si mesmo a sua sustentabilidade, a sua viabilidade e isto implica escolhas,
implica opções, implica decisões, implica coragem. Aqueles que querem governar o País não podem também
deixar de ter a coragem de dizer ao País aquilo que pensam para que o Estado seja mais eficiente no futuro.