2 DE NOVEMBRO DE 2013
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Estas diferenças ideológicas traduzem-se em escolhas muito concretas. E dou dois exemplos muito
precisos e distintos, um na educação e outro no sistema fiscal.
Primeiro exemplo: o ensino do Inglês no 1.º ciclo do ensino básico.
Vozes do PSD: — Oh…!
O Sr. António José Seguro (PS): — O Governo do PS criou a oferta universal do Inglês nos primeiros
quatro anos de escolaridade.
O atual Governo acabou com a oferta do Inglês, o que significa que algumas escolas públicas lecionam o
Inglês e outras não.
Protestos do PSD.
Nas escolas onde o Inglês não é lecionado, os alunos das famílias com posses terão acesso ao Inglês fora
das escolas; já os alunos das famílias com menos recursos ficarão privados da aprendizagem da língua
inglesa.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Ou seja, a escola pública, em vez de qualificar os seus alunos e de promover a igualdade de
oportunidades, faz, pela mão deste Governo, precisamente o contrário: a discriminação negativa dos mais
pobres, isto é, o aumento das desigualdades sociais no nosso País.
Aplausos do PS.
O PS tudo fará para que todas as crianças do ensino básico tenham aulas de Inglês, independentemente
dos rendimentos das suas famílias.
Vozes do PSD: — Oh!…
O Sr. António José Seguro (PS): — Segundo exemplo: política fiscal para as empresas.
O Governo apresenta alterações ao Código do IRC. Sem prejuízo do debate que se fará a este propósito,
quero falar-vos de uma dessas alterações: a redução de dois pontos percentuais da taxa legal de forma
indiscriminada.
Esta proposta do Governo beneficia sobretudo as grandes empresas. Se a proposta do Governo for
aprovada, só as 20 maiores empresas cotadas em bolsa deixariam de pagar em impostos mais de 100
milhões de euros.
Ora, o PS defende a redução de impostos, mas para as pequenas e médias empresas.
As pequenas e médias empresas representam mais de 90% do tecido empresarial português e empregam
mais de 70% dos trabalhadores portugueses, são as que mais dificuldades têm de tesouraria e de acesso ao
crédito e são as que mais necessitam de apoio, em particular quando o Governo as ameaça com um aumento
do pagamento especial por conta de 1000 € para 1750 €.
Para o PS, a prioridade é apoiar as pequenas e médias empresas e não as grandes empresas e orientar a
política fiscal para a criação de emprego.
Aplausos do PS.
Deste modo, o PS insiste que a taxa do IRC deve baixar para metade, ou seja, dos 25% para os 12,5%
para, pelo menos, os primeiros 12 500 € de lucro.