I SÉRIE — NÚMERO 19
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É porque achei inacreditável o Sr. Secretário de Estado vir a esta Câmara tentar enganar-nos. O senhor
pode tentar enganar quem quiser, mas aqui não engana ninguém, e lá fora também não. Pode tentar, mas não
consegue!
Gabar-se — imaginem, Sr.as
e Srs. Deputados! — do definhamento que o Governo está a fazer na
Administração Pública!
Gostava tanto, Sr. Secretário de Estado, de o ver deslocar-se, como utente, a muitos dos serviços de
finanças deste País — ou a alguns serviços de segurança social, ou a alguns serviços públicos do Serviço
Nacional de Saúde em alguns centros de saúde ou em algumas unidades hospitalares, ou a escolas ou a
tribunais — para o Sr. Secretário de Estado perceber claramente a falta de funcionários públicos que aí existe,
para perceber no que é que resulta, na prática dos serviços, a falta de funcionários da Administração
Pública!…
E vem aqui o Sr. Secretário de Estado gabar-se do número de funcionários públicos que já foi reduzido!?…
É porque o Sr. Secretário de Estado esquece-se de dizer qual é o reverso da medalha: para além de
muitas pessoas se encontrarem no desemprego face a essa vossa opção, é a qualidade dos serviços públicos
que está a deteriorar-se de dia para dia, e todas as pessoas são afetadas por isso.
Sr. Secretário de Estado, há falta de funcionários nos serviços públicos deste País. Os senhores estão a
definhar os serviços públicos deste País.
E, depois, perguntaríamos: para quê? A resposta está no guião da reforma do Estado, está lá tudo
escrito:…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Então, afinal, está lá tudo!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … porque é preciso privatizar tudo, porque é preciso minimizar ao
máximo o Estado!
Numa outra parte da sua intervenção, o Sr. Secretário de Estado disse algo do género: «Nós somos tão
bons que ainda nem sequer tínhamos feito nenhum corte aos trabalhadores da Administração Pública».
Sr. Secretário de Estado, lamento informá-lo, mas, cada vez que os senhores renovam a manutenção de
um corte salarial, estão a assumir a medida como vossa.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Por isso, não venha dizer que nunca tomaram essa medida.
Só que, agora, tomam-na a dobrar, porque querem os cortes salariais a partir de ordenados brutos de 600
€. É uma vergonha, Sr. Secretário de Estado!
A Sr.ª Presidente: — Ainda estão inscritos, e têm tempo, embora pouco, os Srs. Deputados Adão Silva e
Artur Rêgo.
Tem a palavra o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Assistimos
aqui, durante esta manhã, a como a oposição, em geral, se enreda numa retórica tremendista.
E assistimos também aqui, durante esta manhã, a como o Partido Socialista, em particular, se enreda
numa retórica de paradoxo e de contradições.
Era bom que o Partido Socialista não se enredasse nestes paradoxos. Era fundamental que o Partido
Socialista se disponibilizasse para um diálogo, um acordo, uma convergência de políticas e de esforços para
encontrar soluções duradouras para o futuro do País — e, sobretudo, eivados que estamos de um ambiente
em que as coisas começam a mudar.
Srs. Deputados do Partido Socialista e, particularmente, Sr. Deputado António José Seguro, não os cativa
para este diálogo o facto de estarmos a reduzir a taxa de desemprego? Esta é a primeira pergunta.
A segunda pergunta é esta: não os cativam para este diálogo os sinais que aparecem de que a economia
está a dar a volta? Ou ainda os sinais de que estamos a equilibrar as contas públicas sob um sinal de justiça e