23 DE NOVEMBRO DE 2013
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Aí, Srs. Deputados, temos de olhar para a estrutura da nossa despesa pública que assenta, como
sabemos, em 70% nos salários e nas prestações sociais. E, por isso, não é possível, por mais que
quiséssemos e estivéssemos convictos,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mexer em alguns salários e pensões! Para esses não pode ser!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … reduzir a despesa sem mexer nestes agregados.
O mesmo, aliás, reconheceu o Partido Socialista quando escreveu no Memorando, e já tinha inscrito no
PEC 4, significativos cortes também em pensões contributivas.
Srs. Deputados, o que o Governo fez foi uma escolha: protegeu pensões mínimas, sociais, rurais, que
descongelou quando outros haviam congelado; protegeu casais que se encontram os dois em situação de
desemprego com filhos a cargo, majorando o seu subsídio de desemprego.
Foi, ainda, possível, já na discussão na especialidade, neste Parlamento, criar uma pequeníssima
«almofada», mas que ainda atingirá um número significativo de assalariados entre os 600 e os 675 €.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Uma almofada cheia de tijolos para atingir os reformados!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Srs. Deputados, estamos a falar de pessoas que ganham um valor
excecional, acima da média, que são pessoas ricas? Não estamos, certamente! E, até por isso, estamos a
falar de cortes transitórios, porque ninguém pede estes sacrifícios com alegria e felicidade. O que aqui
estamos a dizer é que a necessidade de pedir estes esforços transitórios advém, clara e diretamente, da
situação financeira do País que, durante anos e anos e anos a fio, foi empurrar para a frente, para os que
viessem depois, as despesas do presente.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, a situação do País, felizmente, já está melhor do que estava quando esta
maioria tomou a enormíssima responsabilidade de governar o País: já saímos da recessão e já há mais
pessoas empregadas do que havia nos trimestres anteriores.
O Sr. António Filipe (PCP): — Não é verdade! Há é mais do que antes!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Deixemos, portanto, Sr.ª Presidente, este último Orçamento do
Programa de Assistência Financeira terminar para que possamos todos dizer que fizemos os esforços e que,
no fim de tudo, fizemos melhor do que estávamos.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PCP, que ainda dispõe de tempo, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Registamos, perante esta argumentação
completamente vazia, que o Governo não tem coragem de defender estas propostas, porque elas não têm
justificação.
Lá vai o tempo em que o CDS e o PSD se diziam defensores dos idosos; agora não há propaganda que
esconda que esta política e os seus efeitos são de agudização da pobreza e de exclusão social entre os
idosos — mais de um milhão e quatrocentos mil idosos, pensionistas da segurança social, sobrevivem com
uma pensão abaixo do limiar da pobreza, o que significa que este Governo não está nada preocupado em
resolver o problema da pobreza.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Este Governo está apostado em agravar a pobreza e a exclusão social.
Para manter intocáveis os privilégios daqueles que nunca cabem aqui, na boca do PSD e do CDS, que são
os grupos económicos e a banca; aqueles a quem nunca cabem sacrifícios, enquanto a toda a hora os