I SÉRIE — NÚMERO 28
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Em 15 de outubro, repito, em 15 de outubro, na Comissão de Educação, o Ministro foi confrontado com
esta situação pelo Bloco de Esquerda e, em resposta ao Bloco de Esquerda, disse que estava disposto a
alterar a situação. Os dias passaram, as semanas passaram, os meses passaram e nenhuma alteração foi
feita. Por isso, o Bloco de Esquerda, no Orçamento do Estado, propôs esta alteração e a maioria chumbou-a.
Não satisfeitos, porque achamos que a realidade nos dava razão, na semana passada, trouxemos
novamente a debate esta situação, apelando ao bom senso. Ora, o bom senso não passou à porta da maioria,
que chumbou, de novo, a proposta do Bloco de Esquerda. Mas o curioso é que aquilo que chumbaram de
manhã o Secretário de Estado veio prometer e aceitar à tarde.
Agora, diz-nos o Governo que a situação será rapidamente resolvida, que, no prazo de um mês, os alunos
poderão rejeitar a decisão, recorrer dela e ver a sua razão ser reconhecida.
Ora, isto só demonstra o absurdo da teimosia desta governação, mesmo quando sabe que está errada e
que o seu resultado direto na vida das pessoas, na vida dos estudantes foi o de criar barreiras, quando
deveríamos ter o acesso dos estudantes ao ensino superior mais facilitado.
Ainda bem que o Governo reconheceu. Já vai tarde, mas ainda não é tarde demais.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Queria, em nome do Partido Comunista
Português, saudar os peticionários — a Federação Académica do Porto e mais 11 associações académicas,
que decidiram apresentar esta petição à Assembleia da República, sobre a exclusão de estudantes no acesso
à bolsa por motivos familiares.
É até interessante registar, desde o início desta discussão, que esta petição deu entrada na Comissão e o
Governo nem sequer se dignou responder. Portanto, o processo nem sequer teve resposta por parte do
Governo…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ora bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … e esta matéria é da maior importância. Aliás, o Sr. Deputado Duarte Marques,
quando era líder da JSD, na oposição, por coisas muito menos graves punha uma corda ao pescoço e vinha
para a porta da Assembleia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Eu?!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Quando o PSD/CDS chega ao Governo, exclui, no ano letivo de 2012/2013, 704
estudantes do acesso à bolsa por motivos de dívidas dos seus pais às finanças ou à segurança social e o Sr.
Deputado diz que está tudo bem no País e no ensino superior. Aliás, importa dizer que o anterior Secretário de
Estado do Ensino Superior, antes de ser substituído, afirmou várias vezes, nesta Casa, que não existia
nenhum problema nesta matéria e que, para o Governo, nenhum estudante ficaria excluído do acesso à bolsa
por motivo de dívidas dos seus pais.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Acontece que o mesmo Governo desse Secretário de Estado enviou ao PCP a
resposta a uma pergunta que lhe dirigimos, onde assume que, no ano letivo de 2012/3013, houve 704
estudantes aos quais foi rejeitada bolsa por motivos de os seus pais terem dívidas à segurança social e às
finanças.
Protestos do Deputado do PSD Duarte Filipe Marques.