14 DE DEZEMBRO DE 2013
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esses interesses. Mas uma manifestação das gentes que se indignam por verem a sua vida a andar para trás
não o preocupa nada!
Pois, engano, Sr. Primeiro-Ministro, eu não falei aqui de outro crescimento. É que, entretanto, com a sua
política, cresceu o número daqueles que lutam com indignação, que protestam, que participam na luta, alguns
dos quais nunca tinham lutado na vida.
E esse vai ser o fator fundamental para que, neste final de ano, uma das esperanças dos portugueses seja
esta: desejo de vos ver pelas costas, com a demissão do Governo e com a convocação de eleições
antecipadas.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, se me permite, creio que
aquilo que nos distingue, nesta altura, é que eu tenho a responsabilidade de governar e o Sr. Deputado tem a
responsabilidade de fazer oposição ao Governo.
Na minha responsabilidade de governar, estou a tomar as decisões que permitirão que Portugal conclua
este Programa de Assistência e vença esta crise.
Portanto, Sr. Deputado, nisso tem razão! Eu não me lamento apenas da situação que o País vive e da
desgraça que atingiu muitos portugueses; todos os dias, estou a fazer alguma coisa para que essa situação se
altere. E isso distingue-nos, de facto, Sr. Deputado.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Enquanto que o Governo está todos os dias, na sua atividade, a lutar contra
esta crise para a vencer, os Srs. Deputados aproveitam estes debates para enfatizar os males da crise e não
aquilo que nos pode fazer sair dela.
Mas, Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe que a única razão porque eu estou preocupado com os mercados é
por causa dos portugueses, não é porque tenha participação nos mercados. É porque sei o que é que custa a
um País, em falências, em desemprego e em empobrecimento, não captar a confiança dos financiadores.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se o País tivesse de ter realizado aquilo a que se chama um ajustamento
forçado sem apoio oficial, não tendo a confiança dos credores, aquilo que aconteceria em Portugal motivaria
mais do que a nossa indignação.
Mas, Sr. Deputado, se queremos construir, como todos os países, a credibilidade suficiente para poder ter
financiamento e gerar riqueza, então é preciso ter coragem para enfrentar as situações e para tomar medidas
que podem não ser populares, que podem gerar, muitas vezes, incompreensões, mas que nos permitirão
vencer esta crise.
Portanto, Sr. Deputado, essa é a razão. Não é porque eu não estou preocupado com as manifestações. Ó
Sr. Deputado, não foi isso que eu disse. É porque acho natural e normal…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas não devia!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que as pessoas se manifestem e continuarei e achar natural e normal que,
numa sociedade democrática, as pessoas possam manifestar-se.
Vozes do PSD: — Muito bem!