23 DE JANEIRO DE 2014
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e até, quando o Orçamento do Estado chega sem esse nome, como foi este caso concreto, vemos que é um
Orçamento retificativo para, mais uma vez, tapar uma inconstitucionalidade.
Nove dias! Nove dias! Não há recorde que tenha existido para além deste! O recordista é este Governo!
Quer no número de Orçamentos retificativos, quer na velocidade com que os apresenta! O recordista é este
Governo!
E o que faz o Governo? Bem, quando o plano a era cortar nas pensões e o Tribunal Constitucional disse
que isso não era aceitável, que era inconstitucional, o Governo apresenta-nos o plano b. E qual é esse plano?
É cortar nas pensões e nos salários!
O Governo não aprende, Sr.ª Ministra? Por que é que o Governo teima em brincar com as leis, em brincar
com a vida das pessoas? Isto é que não é compreensível!
Se houvesse um pingo de responsabilidade no Governo, a primeira pergunta que se faria era: porquê esta
crueldade? Porquê mais este ataque por 0,2% do PIB?! É que é disto que estamos a falar: 0,2% do PIB!
Afinal, o «pecado capital» destas e destes trabalhadores é não se chamarem Banif. É que em 2013 o Banif
contava 0,4% do PIB e não entrou nas contas do défice…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … mas, agora, 0,2% já servem para mais um ataque aos salários e às
pensões.
Estas são as escolhas deste Governo! A escolha é atacar o rendimento das famílias.
Sabemos que a CES já não é defeito; é feitio deste Governo. A CES não é pontual nem temporária, como
se dizia inicialmente; em todos os Orçamento do Estado cá está a CES. E, agora, vem numa versão agravada,
a «CES+», que é apresentada neste Orçamento retificativo.
Ora, atacar continuadamente, todos os anos, não é pontual, não é temporário; é continuadamente, é
perene, é para ficar! Por isso, aquela que era a argumentação do Tribunal Constitucional, que dizia que
aceitou a CES em 2013 porque era temporária e limitada, cai por terra, porque esta contribuição já não é
temporária, passa a existir sempre, e não é limitada, porque é altamente alargada.
Mas a Sr.ª Ministra referiu um conjunto de números que serviram apenas e só para esconder a verdade.
Afirme aqui, que todos — repito, todos — os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações vão perder ou pelo
corte que vão sofrer pelo alargamento da CES ou pelo aumento da contribuição para a ADSE. Afirme aqui:
todos!
E afirme aqui também que todas e todos os trabalhadores públicos, todos eles!, vão levar menos salário
para casa, porque vão passar a descontar mais para a ADSE. Todos! Não há qualquer limite! Se ganharem o
salário mínimo, com este Orçamento retificativo vão levar menos salário para casa, porque pagam mais 1%
para a ADSE.
Ora, este é um ataque brutal do Governo. É uma crueldade para com os pensionistas, que trabalharam e
descontaram segundo as regras que lhes eram impostas e que confiaram no Estado, que agora rasga o
contrato com eles. E é também uma crueldade para aqueles que agora estão a trabalhar e que cumprem o
que lhes é pedido. O Estado, esse, é que nunca cumpre aquilo que lhes tinha dito que ia cumprir.
Aliás, nós já sabíamos: o Governo tinha dito que o desconto para a ADSE, em 2014, passava para 2,5%.
Ora, nove dias depois, nove dias depois, repito, vai passar para 3,5%. Menos 1% para os trabalhadores!
Ó, Sr.ª Ministra, assuma aqui que este Governo falhou! Não sabe fazer leis e quem está a pagar são os
trabalhadores e pensionistas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra das Finanças, este Orçamento
retificativo surge 20 dias depois da entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2014. É muito pouco