6 DE FEVEREIRO DE 2014
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Em 2007, o Ministério da Educação tinha identificado 739 escolas com amianto. Escolas, hospitais, vários
serviços públicos e locais de trabalho continuam com infraestruturas de amianto, até condutas de água, como
é o caso da vila da Marmeleira, no concelho de Rio Maior.
O Governo revela uma completa inação e incapacidade para resolver este problema. Porque não se
cumpre a legislação nacional e comunitária? Porque não se cumpre a resolução da Assembleia da República?
Porque é que mantemos as crianças, os trabalhadores, os doentes e a população em geral perante este risco?
Onde está a identificação de todos os edifícios públicos com amianto? Onde está o plano de ação para a sua
remoção?
Sr.as
e Srs. Deputados, o mínimo que se exige é que se passe das palavras e das intenções aos atos. É
tempo de dar resposta a este problema. É tempo de abolirmos o amianto da vida da população portuguesa. É
tempo de agir.
A responsabilidade é do Governo, mas a Assembleia da República não pode ficar indiferente e deve exigir
o cumprimento integral das suas decisões.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, tem três inscrições para pedir esclarecimentos, pelo
que tem, desde já, a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto, em primeiro lugar, em nome do
Grupo Parlamentar do PCP, quero cumprimentá-la pela intervenção que fez, trazendo um tema que por
infelizes motivos é, neste momento, mais alvo de atenções e merece por parte da Assembleia uma constante
preocupação.
Aliás, como a Sr.ª Deputada bem evidenciou na sua intervenção, vários partidos têm contribuído para que o
trabalho da Assembleia nessa matéria seja persistente e, inclusivamente, junto do Governo se traduza numa
chamada de atenção constante, exigindo o cumprimento das resoluções e da legislação sobre esta matéria.
É bom que fique claro, principalmente para quem não acompanha este assunto, que as implicações da
exposição a espículas ou fibras provenientes de amianto ou de fibrocimento na saúde humana não são uma
teoria, são um facto comprovado, estudado e documentado.
Portanto, a exposição prolongada àquelas fibras, àquelas espículas, aumenta de forma muito significativa a
probabilidade de uma pessoa vir a ser exposta a um cancro, como, infelizmente, tem vindo a ser o caso
também documentado na sequência da situação da Direção-Geral de Energia e Geologia.
De facto, o que é grave é que exista um Governo que não cumpre a lei — mas não é só este Governo que
não cumpre a lei, sucessivos governos não a cumpriram, o que não desculpa este mas traz outros à
responsabilidade — e que, apesar da insistência da Assembleia, essa lei e essas resoluções continuem por
cumprir.
Mas, Sr.ª Deputada, o que também é grave, e pela parte do PCP queremos assinalar isso, é o facto de este
caso ser também ilustrativo da insensibilidade com que o Governo coloca nos pratos da balança a vida das
pessoas, o seu bem-estar, e o economicismo.
As palavras dos responsáveis políticos sobre a disponibilidade financeira para salvar a vida das pessoas ou
para lhes garantir que enquanto trabalham não estão expostas à probabilidade de vir a desenvolver uma
doença como um cancro não tem preço, como disse, e, pela nossa parte, essa dualidade, a forma como o
Governo encara esses direitos, ilustra bem que este Governo não tem condições algumas de continuar a
desempenhar funções que implicam respeito pela vida dos portugueses, mais que não seja porque foram eles
que os elegeram.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.