I SÉRIE — NÚMERO 54
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Isto foi visível. Todos os portugueses perceberam que até o
presidente do PSD sentiu necessidade de convencer os congressistas de que o PSD ainda é um partido
social-democrata.
O Sr. António Filipe (PCP): — Não é fácil!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Não é fácil, de facto!
Depois, diz o Sr. Deputado que o PSD está perante uma situação que encontrou no País. Ó Sr. Deputado,
foi a situação que o PSD ajudou a construir!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Exatamente!
O Sr. José de Matos Rosa (PSD): — Não, não!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — É que o PSD não chegou ao poder agora e o mundo não
começou em 2011! Houve para trás muitas responsabilidades do PSD, que esteve no Governo imenso tempo,
muitos anos.
Também é bom que se lembre que, nas questões fundamentais, e sempre que foi preciso, o PSD esteve
ao lado do anterior Governo, a quem agora atribui a responsabilidade de tudo aquilo que está a acontecer.
Portanto, o PSD esteve ao lado do anterior Governo em todas as pancadas: no Orçamento do Estado para
2011, no PEC 1, no PEC 2, no PEC 3 — o PSD acompanhou sempre as pancadas do anterior Governo. Por
isso, as pancadas que o PSD tem dado aos portugueses não são de agora, já vêm de longe. Mas, ainda
assim, não é esta a situação em que encontrou o País, porque a situação que o PSD encontrou não tinha os
níveis de desemprego com que hoje estamos a viver, não tinha o défice ao nível a que hoje está, não tinha a
dívida pública tão gorda como a que o PSD engordou, não tinha a economia de rastos como hoje está!
Portanto, Sr. Deputado, a verdade é que o PSD não pode dizer que encontrou assim a situação, porque
ajudou-a a construir! E nem se trata de cumplicidade, mas sim de coautoria!
O Sr. Deputado fala das eleições europeias que aí vêm, mas esqueceu-se de dizer que são uma boa
oportunidade para que os portugueses deem pancada em quem lhes tem dado pancada. Mas, sobre isso, o
Sr. Deputado não disse nada. Estas eleições vão ser uma oportunidade para os portugueses darem pancada
no Governo e na troica, que, de facto, não têm feito mais nada a não ser dar pancada.
E porque é da praxe perguntar, gostaria de saber o seguinte, Sr. Deputado: quando fala do sucesso, do
desenvolvimento e das reformas estruturais, a que é que está a referir-se, Sr. Deputado?!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José de Matos Rosa, sem prejuízo daquilo
que direi a seguir, gostaria de começar por felicitar o Sr. Deputado e o seu partido pela realização do
Congresso do PSD.
Na sua declaração política, o Sr. Deputado fez jus à discussão que ocorreu no Congresso do PSD, uma
discussão que procurou criar ilusões e fugir às responsabilidades. Aquilo que os senhores têm andado a fazer
durante os últimos meses foi o que repetiram no Congresso e que o Sr. Deputado uma vez mais trouxe à
Assembleia da República na declaração política que acabou de fazer: criar ilusões e fugir às
responsabilidades.
O Sr. Deputado fez um esforço hercúleo — reconheça-se — para ignorar toda a responsabilidade que o
PSD tem na situação em que estamos e no agravamento da situação que ainda hoje estamos a viver.
Há pouco, da tribuna, o Sr. Deputado falou de natalidade, mas não quer assumir responsabilidades pelo
que este Governo fez ao arruinar as vidas dos jovens casais, que se veem impossibilitados de ter filhos porque
não têm emprego, porque têm baixos salários, porque são obrigados a emigrar.