I SÉRIE — NÚMERO 61
14
entidades patronais e da parte das centrais sindicais, só não deram o acordo porque cada um deles queria
ainda mais do que isto.
Atendendo a que esta alteração é feita para tornar claras as regras do despedimento por extinção do posto
de trabalho defendendo um critério claro que respeite na íntegra os direitos dos trabalhadores, o Governo não
cedeu a extremos nem para um lado, nem para o outro,…
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
… fixou aqueles critérios que achou equilibrados, os que achou que qualitativamente melhor defendiam o
duplo objetivo: o objetivo prosseguido pelas empresas de não ser o critério cego somente o da antiguidade e o
objetivo prosseguido pelos trabalhadores de que, quando um trabalhador tivesse de ser despedido por
extinção do posto de trabalho, o fosse com base em critérios objetivos mensuráveis e que lhe fizessem justiça
como trabalhador. É isto que está na proposta de lei. É um pouco como uma sentença salomónica, que não
agrada a gregos e a troianos, mas, neste caso, não é pelas más razões, é pelas boas razões.
Para terminar, gostaria de dizer o seguinte: quando um trabalhador está desempregado, o que procura?
Emprego! Quem arranja o emprego? São as empresas! As questões foram aqui postas pelos Srs. Deputados
da esquerda de forma totalmente inversa. Estas alterações são para possibilitar maior flexibilidade na criação
de emprego,…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — São para despedir todos!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … porque não há trabalhadores despedidos se, primeiro, não tiverem tido
um emprego. E a verdade é que as alterações que já foram feitas traduziram-se na criação de 120 000 postos
de trabalho no último ano e no crescimento do emprego em Portugal, confirmado pelo Eurostat, em 0,5 pontos
percentuais no último trimestre do ano anterior, ao contrário do que aconteceu na União Europeia e na zona
euro em que decresceu 0,5 pontos percentuais.
Portanto, alguma bondade tem de ter tido estas alterações para terem este resultado em concreto.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Isso é mentira!
O Sr. David Costa (PCP): — Isso não é verdade!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Irei terminar, Sr. Presidente.
E agora, pondo-nos na pele de um trabalhador, pergunto: o que é que um trabalhador exige que lhe seja
feito em circunstâncias destas? Justiça. E o que é mais justo: despedir um trabalhador só porque é o mais
novo na empresa, podendo ser o mais empenhado, o mais qualificado, o mais produtivo, o mais dedicado, ou
atender a critérios objetivos que têm a ver com o seu empenhamento, que têm a ver com as suas
qualificações, que têm a ver com a forma como ele desempenha as suas funções e com a maior ou menor
qualidade do mesmo? O que é mais objetivo nisto?
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E que tal não despedir?!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Irei terminar, Sr. Presidente.
Portanto, Meus Amigos, quando se faz isto, está a dizer-se aos trabalhadores que, daqui para a frente,
qualquer critério de despedimento terá de, objetivamente, olhar para o trabalhador como pessoa e para a sua
qualidade intrínseca.