I SÉRIE — NÚMERO 61
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roque.
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sr. Presidente: Feitas que estão as principais intervenções dos grupos
parlamentares, ficou à vista que o Governo e a maioria seguem o caminho da modernização do País, da sua
recuperação económica e, também, da recuperação do emprego.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Oh, oh, da modernice!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — O Sr. Deputado Nuno Sá já nos habituou não só às suas intervenções, como
também a este novo estilo do Partido Socialista, a este rasgar das vestes.
Fala numa marca ideológica desta proposta de lei. Ora, convém dizer que, se existe uma marca ideológica
nesta proposta de lei, ela tem a ver, de facto, com o Memorando de Entendimento que VV. Ex.as
tiveram de
negociar à pressa e assinar com a troica, porque o País estava, de facto, em incumprimento e à beira da
bancarrota.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E o Professor Catroga?!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — E, efetivamente, as alterações à legislação laboral foram plasmadas nesse
documento que este Governo terá de respeitar.
Mas também tem a ver, se marca ideológica existe, com o princípio da negociação e do acordo de
concertação social que foi feito e que está na base desta proposta de lei, como em todas as alterações que, ao
longo desta Legislatura, foram feitas ao Código do Trabalho.
Gostaria também de dizer o seguinte: o Sr. Deputado Nuno Sá anunciou aqui, urbi et orbi, algo que nós,
Deputados do Partido Social Democrata, ignorávamos. Anunciou que o Partido Social Democrata teria um
projeto de revisão constitucional que todos conhecemos e que quer retirar a justa causa da Constituição. Ora,
isso é absolutamente falso, é uma inverdade, não tem qualquer colagem à realidade.
Mas também — não deixa de ser curioso —, neste rasgar de vestes por parte do Partido Socialista, de
alguma maneira, ficámos sem saber qual é a posição do Partido Socialista relativamente àqueles que são os
critérios atuais para o despedimento por justa causa, isto é, se o Partido Socialista concorda que deve ser o
trabalhador mais jovem — independentemente das suas qualificações, independentemente do seu
desempenho, independentemente da maneira como produz na empresa — a ser o trabalhador sacrificado, a
ser o trabalhador despedido. Pelos vistos, concorda com aquilo que se passa atualmente e que, em boa parte
dos casos, constitui uma injustiça!?
Mais: não protege os trabalhadores mais jovens, quando todos nós sabemos que a face mais terrível do
desemprego, tanto em Portugal como nos países da União Europeia, é precisamente o desemprego jovem.
O Partido Socialista também diz que o Governo não promove o emprego em Portugal, negando as
evidências, negando as estatísticas, precisamente no dia em que se sabe que do terceiro para o quarto
trimestre o emprego, em Portugal, cresceu 0,5 pontos percentuais contra apenas 0,1 pontos percentuais na
União Europeia ou uma diminuição de 0,5 pontos percentuais na zona euro.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O Sr. Ministro,
o seu Governo e a sua maioria insistem em promover o desemprego.
Daqui reafirmamos que o problema no nosso País não é a dificuldade nos despedimentos: temos 1,4
milhões de trabalhadores desempregados que provam todos os dias que é fácil, demasiado fácil despedir no
nosso País. O problema é o desemprego, que é preciso combater.