I SÉRIE — NÚMERO 61
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Hoje, após tantas alterações ao Código do Trabalho para «promover o crescimento e a competitividade»,
temos mais de 1,4 milhões de trabalhadores desempregados; a exploração atinge novos e mais gravosos
níveis; temos mais precariedade e os salários não param de andar para trás.
Numa altura em que temos dos mais elevados níveis de desemprego, é revelador que a preocupação do
Governo seja facilitar os despedimentos.
Sr. Ministro, o problema do nosso País é o desemprego, não é facilitar os despedimentos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Temos no nosso País 1,4 milhões de trabalhadores desempregados, que
provam que é fácil, é demasiado fácil despedir no nosso País.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Esta proposta de lei, Sr. Ministro, visa contornar a decisão do Tribunal
Constitucional.
A anterior lei, declarada inconstitucional e devidamente alertada para tal pelo PCP, dizia que eram os
patrões que definiam os critérios para a escolha do trabalhador a despedir, em caso de extinção do posto de
trabalho. A nova lei, esta nova proposta de lei, deixa na mesma nas mãos do patrão a escolha com critérios
subjetivos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Primeiro, avaliação de desempenho. Quem é que faz a avaliação de
desempenho? É feita pela entidade patronal, logo, escolhe os critérios da avaliação do desempenho que bem
entender.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Mais: o segundo e o terceiro critérios visam permitir aos patrões escolher
os trabalhadores com mais direitos, logo, mais caros, para manterem os precários sem direitos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É isso mesmo!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O Sr. Ministro diz — disse-o ontem, na interpelação —, hipocritamente,
que não quer baixar salários no nosso País. A verdade é que não faz outra coisa senão promover a
precariedade, a exploração, o desemprego e os salários de miséria no nosso País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, disse-nos aqui que as atuais regras de
despedimento potenciam o desemprego. Sr. Ministro, todas as regras de despedimento potenciam o
desemprego.
Mas vamos, então, à alteração que aqui nos traz para eu lhe fazer perguntas muito concretas, uma vez que
todas as alterações têm que ser sustentadas no conhecimento concreto da realidade concreta das empresas a
que se destinam e estas alterações destinam-se às empresas do setor privado.
Primeira questão: quantas empresas têm, nas suas regras, avaliação de desempenho? Quantas empresas
da indústria? Quantas empresas da construção, que aqui referiu? Quantas empresas do comércio? Ou o Sr.
Ministro sabe responder a esta questão ou, então, estamos a fazer demagogia barata.