I SÉRIE — NÚMERO 68
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País; as desigualdades acentuaram-se; o poder local democrático envergonha-se; a eficiência vai por água
abaixo; há trabalhadores que não recebem ordenados há mais de oito meses.
Pela nossa parte, não vamos continuar a fazer de conta. Não vamos contornar os problemas, vamos
resolvê-los.
Nessa circunstância, Sr.ª Presidente, registamos com satisfação o amplo consenso que a proposta de lei
do Governo obteve desta Câmara, incluindo da parte dos partidos da oposição.
Infelizmente, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista «Os Verdes» optaram pelo isolamento.
Esses partidos optaram pelo centralismo e pela iniquidade; todos os demais optaram pela descentralização,
pela responsabilização e pela igualdade. O Partido Comunista Português e o Partido Ecologista «Os Verdes»
preocuparam-se apenas com a exceção; todos os demais partidos estão preocupados com a exceção e com a
regra. O Partido Comunista Português e o Partido Ecologista «Os Verdes» preferem manter-se agarrados ao
passado, às soluções do passado; todas as demais forças políticas desta Câmara preferem apreender o
presente e projetar o futuro, preferem enfrentar todos os problemas com soluções de futuro justas e razoáveis.
Este objetivo é claramente alcançado pela proposta de lei do Governo, sem embargo de poder sofrer
melhorias em sede de especialidade.
Assim sendo, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, com exceção do Partido Comunista Português e do Partido
Ecologista «Os Verdes», contamos com o voto favorável das demais bancadas.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Não havendo mais inscrições, dou por terminado o debate conjunto da proposta de
lei n.º 212/XII (3.ª) e do projeto de resolução n.º 947/XII (3.ª), agradecendo aos Srs. Secretários de Estado a
sua presença.
Passamos ao segundo ponto da ordem do dia, que consiste na discussão conjunta, na generalidade, dos
projetos de lei n.os
528/XII (3.ª) — Alteração à Lei dos Baldios (altera a Lei n.º 68/93, de 4 de setembro, com
redação da Lei n.º 89/97, de 30 de junho, que estabelece a Lei dos Baldios, altera o Estatuto dos Benefícios
Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho, e efetua a nona alteração ao Regulamento das
Custas Processuais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro) (PSD e CDS-PP) e 547/XII
(3.ª) — Revoga as disposições relativas aos baldios na bolsa de terras (primeira alteração à Lei n.º 62/2012,
de 10 de dezembro) (BE).
Para apresentar o projeto de lei da autoria conjunta do PSD e do CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado
Pedro do Ó Ramos.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Ex.ma
Sr.a Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados:
Temos hoje em debate um tema agrícola importante e algo complexo — a alteração à Lei dos Baldios.
O assunto mantém uma importância crucial na sociedade rural, como, aliás, tem sido visível pelas diversas
e distintas reações que têm surgido ao nosso projeto de lei.
Os baldios continuam hoje a ser uma importante fonte de rendimento de muitas famílias e comunidades
rurais, apesar das enormes alterações sofridas na relação homem/território ao longo das últimas décadas.
Embora o sustento que as comunidades retiram das propriedades classificadas como baldios não seja o
mesmo de outros tempos, é inegável a função económica, social e também ambiental que os baldios exercem
ao longo de todo o território, mas com maior expressão acima do Tejo.
As relações entre as comunidades rurais e os espaços considerados baldios mudaram. Nesse sentido,
impunha-se uma mudança da Lei dos Baldios de forma a adaptá-la às novas relações existentes nas
comunidades rurais, tornando-a mais justa, mais transparente e correspondendo aos anseios e às
necessidades das populações.
Esta maioria apresenta, assim, uma reforma de cariz funcional, colmatando lacunas existentes e
procurando soluções para a crescente conflitualidade, resultado da nova realidade dos territórios.
Desde logo, o crescente aumento de receitas em terrenos baldios provenientes de diversos equipamentos
para a produção de energia eólica e hídrica tem conduzido a um fenómeno de criação de novas delimitações
de baldios e à sua consequente atomização, em contraciclo com a necessidade de ganhar escala para garantir
a coesão do espaço rural, nomeadamente para assegurar a viabilidade de investimento na gestão e