3 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — Os compartes fiscalizam!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Qual é o interesse que a esquerda quer proteger nesta matéria?
Vozes do CDS-PP: — Exatamente!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Quem é que presta contas, e onde presta? Quem é que fiscaliza, e onde
fiscaliza?
Os que estão bem, esses não precisam. E os que não estão? E aqueles que não o fazem? Vamos deixar
como está? É este o ambiente que se quer criar?
Srs. Deputados, essa história de vir falar dos anos 40, do salazarismo,…
O Sr. João Ramos (PCP): — É verdade!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — … a quem é que se dirige? É que, se há alguém que não gosta do
salazarismo, esse alguém sou eu. Acho que economicamente foi um desastre.
Por isso, espero ver uma evolução um pouco diferente naquilo que é a visão do mundo rural.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — O mundo rural, hoje, é muito mais dinâmico do que os senhores
disseram. Os baldios, hoje, não são só para apascentar o gado e ir buscar a lenha e os matos,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas quem é que disse isso?!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — … são para muito mais do que isso, têm um interesse económico para a
comunidade local.
Agora, ficarmo-nos por este conservadorismo, em particular, do Partido Comunista Português, meus
senhores, acho que já é tempo de evoluírem um pouco também nesta matéria!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Que falta de seriedade!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Ainda relativamente a uma questão que não foi aqui abordada, os
senhores são contra o Estatuto dos Benefícios Fiscais ser alterado para melhorar o benefício fiscal no caso
dos baldios? Gostaria de ouvir a vossa opinião também sobre esta matéria. É que, sobre isso, não disseram
nada. Vieram aqui «atirar areia para os olhos» das pessoas, porque nada do que aqui afirmaram está escrito
no nosso projeto de lei, nada. Não é esse o objetivo deste diploma.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — E a verdade dos baldios?!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — É que, reparem, eu, não me dedicando minimamente, neste momento, a
qualquer atividade agrícola, não deixo de ser comparte do sítio onde moro e, de acordo com os usos e
costumes da minha terra, posso ir buscar lenha e matos ao baldio para minha utilização. No entanto, de
acordo com muitas das decisões de algumas assembleias de compartes, algumas pessoas são excluídas dos
baldios. Por exemplo, um jovem agricultor pode instalar-se a partir dos 17 anos de idade, mas não pode ser
comparte? O que é que o proíbe de ser comparte? Qual é o problema? É que ele pode ter uma atividade
económica, pode dedicar-se a essa atividade económica, mas não pode concorrer com o seu avô, porque o
seu avô já é comparte e ele não pode ser. Mas porquê? Qual é o problema?
Há aqui um conjunto de questões que gostaria que esclarecessem. Estaremos disponíveis, em sede de
especialidade, para incorporar muitas das ideias que possam ter sobre esta matéria. Mas devemos ter a noção