I SÉRIE — NÚMERO 70
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O Sr. António José Seguro (PS): — Aliás, recordo-lhe que, quando foi necessário alterar o estatuto do
Banco Central Europeu, a União Europeia, num ápice, aprovou um novo tratado.
Segundo, para o equilíbrio das contas públicas a União Europeia, porque houve vontade política para isso,
aprovou rapidamente o tratado fiscal europeu.
Por que é que para expressar solidariedade e para encontrar uma solução comum europeia para combater
a especulação dos mercados e ajudar à gestão da dívida pública não pode haver a mesma vontade política
para ajudar a resolver esse problema?!
Aplausos do PS.
É também por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que a Europa precisa de uma mudança e é também por isso que
a mudança começa por ter no Parlamento Europeu uma maioria progressista que seja capaz de colocar no
centro das políticas a necessidade de criação de postos de trabalho e a necessidade de dinamizar a
economia.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Mas também quero aqui dizer-lhe, com muita clareza, que a
exigência de solidariedade, que decorre não dos países aflitos mas da matriz fundacional da União
Europeia,…
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — … deve corresponder a mais assunção de responsabilidades por
parte dos Estados-membros. Não vejo aí absolutamente nenhum problema. Aliás, se o Sr. Primeiro-Ministro
quiser, pode socorrer-se de atas dos nossos debates neste Parlamento, de 2011, de 2012 e de 2013, onde
pode atestar o que eu lhe disse.
Mas, claro!, mais solidariedade significa mais responsabilidade e também mais responsabilidade significa
mais solidariedade. O que tem acontecido é o contrário: a Europa exige responsabilidades excessivas que,
muitas vezes, impendem pesados sacrifícios sobre a população, neste caso sobre os portugueses, sem ter a
contrapartida da solidariedade, havendo um benefício claro para países que se servem da desgraça dos
outros.
Aplausos do PS.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, tratado este assunto — e estou certo de que não será a última vez que
falaremos dele —, vamos a outros assuntos.
O Primeiro-Ministro, na campanha eleitoral em 2011, prometeu que não faria cortes nos salários, que não
faria cortes nas pensões, que não faria despedimentos, que não aumentaria o IVA. Bom, chegou ao Governo e
fez, precisamente, o contrário!
Depois, assegurou: «Mas, atenção, estes cortes nos salários e nas pensões só durarão enquanto durar o
programa de ajustamento financeiro.» Agora, prepara-se para fazer cortes permanentes em relação a parte
desses cortes. Aliás, o País ficou surpreendido, no início da semana passada, quando um membro do seu
Governo chamou os jornalistas, em privado, e lhes disse: «Ponham isto nos jornais, estão autorizados, mas,
por favor, não digam que fui eu que vos disse!».
O Sr. José Junqueiro (PS): — Exatamente!
O Sr. António José Seguro (PS): — Ora, nós hoje temos aqui o Sr. Primeiro-Ministro e nada melhor do
que lhe perguntar: Sr. Primeiro-Ministro, e diga-o com clareza, não engane mais os portugueses: quais são os
cortes que o senhor se prepara para tornar definitivos?