I SÉRIE — NÚMERO 72
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 9 minutos.
Srs. Agentes, podem abrir as galerias.
Peço aos Srs. Deputados o favor de tomarem os vossos lugares.
Hoje não há leitura de expediente, pelo que passamos diretamente à ordem do dia, que, como todos
sabem, tem como primeiro ponto declarações políticas, cuja ordem é: em primeiro lugar, pelo PSD, o Sr.
Deputado Pedro Roque, em segundo lugar, pelo PS, o Sr. Deputado Carlos Zorrinho, em terceiro lugar, pelo
CDS-PP, o Sr. Deputado Rui Barreto, em quarto lugar, pelo PCP, a Sr.ª Deputada Carla Cruz e, em quinto
lugar, pelo Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Cecília Honório. Os Verdes hoje não proferem a sua
declaração política.
Srs. Deputados, há um certo ruído no Plenário, que é natural no princípio da sessão. Peço o favor de
criarem as condições para o primeiro orador intervir.
Para apresentar a primeira declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Roque.
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, decorreu no passado fim de
semana, em Albufeira, o XIII Congresso dos TSD (Trabalhadores Sociais Democratas), no mesmo ano em que
esta estrutura autónoma do PSD para o mundo laboral e sindical comemora os seus 30 anos.
Ora, a existência de uma estrutura laboral deste tipo reforça o caráter interclassista do PSD enquanto
partido socialmente mais abrangente.
Os TSD são constituídos por mulheres e homens para quem os ideais da social-democracia e do
sindicalismo livre e democrático se constituem como a pedra de toque da sua participação cívica e da sua
atuação política dentro e fora do PSD.
Outras forças políticas são bem menos representativas, social e eleitoralmente, mas atrevem a afirmar-se
como porta-vozes dos trabalhadores e do mundo do trabalho. Mas que ninguém se iludia: Portugal é um país
de trabalho e os portugueses são maioritariamente trabalhadores.
Assim, o PSD, ao ser o partido eleitoralmente mais expressivo — como é bem visível neste hemiciclo —,
constitui-se como o maior partido dos trabalhadores portugueses.
Aplausos do PSD.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Neste congresso foi também aprovada a moção de estratégia
intitulada Portugal 2014 — Retomar a Esperança. Nela se chama a atenção para as difíceis circunstâncias que
Portugal ainda vive, motivadas peia crise do subprime, cumulada pela crise das dívidas soberanas da zona
euro mas, sobretudo, forte e inexoravelmente ampliada por governações irrefletidas, que não tiveram em conta
a devida adequação da despesa pública à receita fiscal gerada nem as políticas de investimento público aos
critérios de custo-benefício e que precipitaram o incumprimento do Estado em 2011.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — A situação que ainda vivemos afigurou-se, provavelmente, como a principal
crise económica e financeira que Portugal conheceu desde a bancarrota de 1892.
O pedido de resgate internacional, efetuado pelo Governo anterior, foi consubstanciado num Programa de
Assistência Económica e Financeira com um montante elevado — equivalente a dois quintos do PIB —, um
prazo demasiado apertado (três anos) e um Memorando de Entendimento por vezes desajustado da realidade
e cuja verificação e renegociação trimestral se revelou como difícil e exigente.
Tais circunstâncias levaram a que a governação que se seguiu à contratualização deste Programa, e pela
qual o PSD é o principal responsável, se tenha tornado numa missão espinhosa, implicando um forte
reajustamento em contraciclo e tenha acarretado dificuldades a todos os níveis: recessão económica, redução
generalizada do rendimento das famílias e das empresas, fenómenos de emigração, reestruturações e
falências e, sobretudo, um crescimento forte do flagelo social do desemprego.