9 DE MAIO DE 2014
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Só no ano passado emigraram 100 000 destes jovens, que viram no abandono do País a única forma de
garantir a sua subsistência. Estes jovens e os menos jovens, desempregados, sem qualquer apoio social, são
a demonstração da ausência de resposta do Governo no momento da maior fragilidade. São pessoas que
querem trabalhar mas não encontram trabalho na economia que o Governo destruiu. São as vidas que pagam
a dupla irresponsabilidade do Governo que destruiu o emprego e nega o apoio aos que ficaram
desempregados.
Não aceitamos que o Governo varra estas pessoas para debaixo do tapete e as deixe sem qualquer
resposta. É esta a proposta que aqui trazemos hoje.
Aplausos do BE.
Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Este Governo, que nos últimos dias enche a boca para
falar em «saída limpa» e a festeja com os seus amigos de Bruxelas, é o responsável pela maior destruição do
mercado de emprego da nossa história democrática.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Despedir ficou mais simples e mais barato e o recurso ao trabalho sem
direitos, sem garantias, sem proteção social, em situação de absoluta e permanente precariedade, tornou-se a
prática corrente no mercado laboral.
No pico da crise e do aumento do desemprego, quando mais era preciso apoiar as pessoas, foram
reduzidos todos os apoios sociais. Foi cortado o subsídio de desemprego e o subsídio social de desemprego a
milhares de pessoas.
O desemprego é hoje um flagelo social. Mesmo com as tentativas da direita para o silenciar, com o anúncio
de estágios, planos de formação, voluntariado e propaganda, que serve para a limpeza das estatísticas,
mantêm meio milhão de vidas em suspenso, deixadas para trás, tratadas como danos colaterais do
ajustamento.
A proposta que o Bloco de Esquerda hoje apresenta é uma proposta de dignidade e de resposta a esta
emergência social, de quem tem consciência de que a exclusão do mercado de trabalho significa a exclusão
social para milhares de pessoas que estão a pagar a crise com o seu posto de trabalho.
E é mesmo de saídas que queremos falar, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados. De saídas «limpas» para a
vida destes milhares de pessoas sem garantias de sobrevivência. É que não podemos admitir que alguém seja
deixado para trás, que alguém seja deixado à sua sorte por um Governo obcecado em governar para os
mercados, que cortou nos apoios sociais na altura em que eram mais necessários.
Conhecemos todos os elogios do Governo à «saída à irlandesa para os mercados». Passos Coelho chegou
mesmo a declarar que se sentia «inspirado por aquilo que a Irlanda fez», no período em que o País se
encontrou sob o plano de ajustamento da troica. «Nem um banco sem apoio», era o mote da Irlanda!
É na lei irlandesa que nos baseamos agora. E por isso não podemos pedir para as pessoas menos do que
aquilo que se deu à banca.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Queremos, portanto, medidas de proteção social «à irlandesa» para
defender os desempregados.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Nem um desempregado pode ficar sem apoio — é o que exigimos,
inspirados na lei irlandesa, que garante apoio social a todos os desempregados.
O que propomos é um mínimo de apoio social para todos aqueles que trabalharam e estão completamente
desprotegidos.