I SÉRIE — NÚMERO 83
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Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — … o caminho que realizámos para que o Governo tivesse condições de honrar
os seus compromissos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Julgo que é importante que, na Casa da democracia, aqueles que em situação evidentemente também
difícil suportam a ação do Governo sejam também eles objeto desse reconhecimento.
Mas, Sr. Deputado, ao fazer este reconhecimento, quero também acompanhá-lo nas observações que fez
quanto às condições que temos vindo a observar na nossa economia ao longo deste último ano.
Existe sempre, como é evidente, um desfasamento entre as previsões que apontam para condições de
recuperação e a informação que é registada pelo Instituto Nacional de Estatística, que só mais tarde pode vir
demonstrar o acerto ou desacerto do caminho que é prosseguido. Nesse ínterim fica a convicção dos agentes
políticos que prosseguem determinadas políticas.
Quando, em agosto de 2012, referi que 2013 seria um ano de estabilização e de recuperação da nossa
economia não falhei no essencial; pelo contrário, sabemos hoje que, a partir do segundo trimestre de 2013, a
economia portuguesa começou a recuperar e essa recuperação tem vindo a intensificar-se ao longo do último
ano.
Vozes do PCP: — É, é!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — São os factos! Na altura, era uma expectativa que o Governo tinha, que, já na
altura, tinha sido apelidada de totalmente irrealista, porque, na altura, como o Sr. Deputado recordou — e
muito bem — havia muitos partidos da oposição que achavam que o resultado só podia ser muito mau e que
nós não iríamos ter nenhuma possibilidade de concluir o Programa.
À medida que o tempo foi mostrando que era possível reduzir o nosso défice, atingir as metas revistas e
ainda assim ter a economia a crescer e o desemprego a descer, aí sim, Sr. Deputado, como disse e muito
bem, houve quem tivesse ficado sem ter que dizer.
Então, passámos para uma circunstância diferente, que é a de, em vez de ter um caminho alternativo que
faça sentido — e há outros caminhos alternativos, como ainda há pouco disse —, haver uma parte da
oposição que acha que o melhor caminho, como a dívida é muita, é simplesmente dizer: «não a
reconhecemos e não a pagamos! Portanto, vamos tirar daqui esta dívida e vivemos muito melhor sem ela,
evidentemente.»
Como é que não nos lembrámos disso!? Como é que todos os outros governos não se lembraram disso?
Assim, realmente, era muito fácil! Para quê estar a ter medidas tão difíceis, a reduzir o défice do Orçamento?
Como é que o Partido Socialista não se lembrou disso quando foi Governo?! Como é que todos os outros
países, que tiveram dificuldades, não se lembraram dessa coisa extraordinária que é dizer «para quê fazer
sacrifícios?!»
Na verdade, passámos para a política da negação e do caso furtuito por parte da oposição, com vista a
criar o caso de eleição.
É preciso recordar que, enquanto fizemos este caminho, a oposição reclamou em permanência eleições
antecipadas.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Esta foi a posição da oposição.
Aliás, o maior partido da oposição apresentou uma moção de censura ao Governo…
Vozes do PSD: — Bem lembrado!