10 DE MAIO DE 2014
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … e isso, evidentemente, não era apenas uma questão simbólica, era uma
questão de facto, pois o Partido Socialista entendia que era preciso renegociar aquele Memorando e que isso
não podia ser feito com este Governo teria de ser com outro.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foi isto que o Partido Socialista disse. O PS já se esqueceu que quis eleições
para pôr cá um outro Governo que renegociasse o Memorando, que tivesse outro programa?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O PS já se esqueceu disso mas, agora, como há eleições europeias e o Partido Socialista acredita que vai
ter um resultado esmagador nas eleições europeias, já não é preciso reclamar eleições antecipadas. Talvez lá
para junho ou julho, por altura do debate do Estado da Nação… Talvez, nessa altura, seja ocasião para voltar
a dizer: «o que é preciso é eleições antecipadas, porque assim a gente não vai lá!…». Eu não sei, quando diz
que «a gente não vai lá», a quem é que o Partido Socialista se refere. Não deve ser ao País com certeza,
porque o País tem vindo a conseguir chegar onde é preciso.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Partido Socialista é que tem pressa de voltar ao governo. Chegou mesmo ao ponto de, na última
discussão que tivemos, no debate parlamentar de há duas semanas, o Partido Socialista, pela voz do seu
Secretário-Geral, ter consentido que o que aconteceu ao seu último Governo foi azar, já que o que está a
acontecer a este Governo com a saída do programa é uma questão de sorte!
E é assim que a oposição está a elevar a qualidade do debate político em Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado, sei que não é fácil ir contra a corrente. Sei que não é fácil defender a sustentabilidade da
dívida quando, no dia-a-dia, olhamos com desespero a dificuldade com que as taxas baixam. É difícil! É
preciso realmente saber o que se quer!
Ora, felizmente, soubemos sempre o que queríamos, e o que queríamos era poupar a Portugal a vergonha
de um segundo resgate, era dar aos portugueses a possibilidade de, com dignidade, porem as suas finanças
públicas em ordem e mostrarem que acreditam no seu futuro com um modelo de desenvolvimento diferente
daquele que tivemos nestes anos, que nos conduziu à ruína financeira, à falsa riqueza, à injustiça social,
porque, é verdade, Sr. Deputado, as injustiças sociais são graves em Portugal mas não nasceram com o
programa de assistência.
Portugal já era o segundo País mais injusto da Europa, mesmo contando com aqueles que tinham vindo da
antiga Cortina de Ferro, onde o comunismo de então os premiou com elevados níveis de desenvolvimento,
como todos sabemos, onde não havia dívida e havia elevados padrões de desenvolvimento… Aliás, por isso é
que quiseram todos integrar a União Europeia e quiseram até integrar o euro!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Cá não! Os comunistas portugueses querem sair do euro, mas os países que fugiram ao comunismo
querem entrar no euro…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está com medo do PCP!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nada disto hoje interessa para o debate público, para o debate político; hoje,
só interessa explorar as feridas e os sacrifícios que foram realizados.