10 DE MAIO DE 2014
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durante muitos anos em que governos socialistas executaram fundos europeus e a nossa economia divergiu
da média europeia, em vez de ter convergido.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, termina aqui o debate quinzenal com o Sr. Primeiro-Ministro.
Despeço-me do Sr. Primeiro-Ministro e dos restantes Membros do Governo desejando a todos bom
trabalho.
Srs. Deputados, vamos entrar no período regimental de votações.
Peço aos serviços que acionem o sistema para que os Srs. Deputados possam registar-se.
Pausa.
O quadro eletrónico regista 203 presenças, às quais se acrescenta 1, do Deputado do PSD Amadeu
Soares Albergaria, perfazendo 204 Deputados, pelo que temos quórum para proceder às votações.
Srs. Deputados, passamos ao voto n.º 191/XII (3.ª) — De pesar pelo falecimento do crítico de arte Rui
Mário Gonçalves, apresentado pelo PS, PCP, Os Verdes, PSD, CDS-PP e BE, ao qual o Governo, aqui
presente, também se associa.
Tem a palavra a Sr.ª Secretária, Deputada Rosa Albernaz, para ler o voto, lembrando que será a seguir aos
dois votos de pesar que guardaremos 1 minuto de silêncio.
A Sr.ª Secretária (Rosa Maria Albernaz). — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Morreu no passado dia 2 de maio de 2014, aos 79 anos de idade, Rui Mário Gonçalves, um dos críticos
de arte mais importantes da segunda metade do século XX em Portugal.
Rui Mário Gonçalves nasceu em Penafiel, em 1934. Irmão do pintor Eurico Gonçalves interessou-se desde
cedo pela arte, apesar de ter começado por estudar Ciências Físico-Químicas na Universidade de Lisboa. No
início dos anos 60, vai para Paris como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado com
Pierre Francastel, um dos precursores da sociologia da arte.
Em 1967, iniciou a sua carreira como professor no curso de formação artística na Sociedade Nacional de
Belas-Artes e ensinou ainda nos anos 70 nas escolas de teatro e de cinema do Conservatório Nacional de
Lisboa. Era professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no
departamento de literaturas românicas, onde entrou em 1974.
Se a arte portuguesa contemporânea goza hoje de justo prestígio em Portugal e no estrangeiro, tal resulta
não só do mérito dos seus protagonistas como também da ação de um grupo de intelectuais que
persistentemente têm contribuído para a sua divulgação e valorização. De entre esses intelectuais, onde seria
justo lembrar o papel de José Augusto França, pioneiro da crítica e da moderna história de arte em Portugal,
destaca-se Rui Mário Gonçalves como um promotor da crítica séria e fundamentada, especialmente enquanto
Presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), da qual era membro fundador, entre 1971 e
1973 e entre 1998 e 2001.
Acompanhou e estudou profundamente os artistas da sua geração tendo sido decisivo para a divulgação
dos grandes movimentos artísticos que marcaram o século XX.
Por entre a sua bibliografia podem destacar-se: Pintura e Escultura em Portugal, 1940-1980 (1980); O
Imaginário da Cidade de Lisboa (1985); Dez Anos de Artes Plásticas e Arquitetura — 1974-84 (em
colaboração com Francisco da Silva Dias, 1985); O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea (1986);
Pioneiros da Modernidade (1986); De 1945 à Atualidade (1986); Cem Pintores Portugueses do Século XX
(1986); Arte Portuguesa em 1992 (1992); Arte Portuguesa nos Anos 50 (1996); O Que Há de Português na
Arte Moderna Portuguesa (1998); A Arte Portuguesa do Século XX (1998); e Vontade de Mudança (2004).
Homem de esquerda e democrata de espírito aberto sempre e em todas as circunstâncias defendeu os
valores da República, não aceitando fazer a distinção entre a arte e a consciência política.
‘A arte é geralmente a primeira reveladora das transformações que a humanidade deseja. Não é a política.
A boa política é aquela que serve os verdadeiros anseios da Humanidade, e esses verdadeiros anseios são
expressos na melhor arte’, sintetizou Rui Mário Gonçalves numa entrevista em 1997.