I SÉRIE — NÚMERO 91
2
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 6 minutos.
Os Srs. Agentes da autoridade podem abrir as galerias, por favor.
Srs. Deputados, como sabem, a ordem do dia de hoje consiste no debate, marcado pelo PSD, do projeto
de resolução n.º 1051/XII (3.ª) — Recomenda ao Governo um conjunto de procedimentos para a promoção da
transparência na contratação pública com recurso a parcerias público-privadas (PSD e CDS-PP). Trata-se de
um agendamento potestativo e efetua-se ao abrigo da alínea b) do n.º 3 do artigo 64.º do Regimento.
Para proferir a intervenção de abertura, tem a palavra o Sr. Deputado Sérgio Azevedo.
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O recurso às parcerias público-
privadas constituiu-se como um dos aspetos mais desequilibrados das finanças públicas em Portugal.
A utilização excessiva e pouco criteriosa deste instrumento de contratação pública não só acarretou
encargos avultados para os contribuintes como também vinculou, de forma gravosa, as gerações futuras.
É hoje claro que muitos dos encargos poderiam ter sido evitados se, por um lado, os procedimentos
tivessem sido mais rigorosos e, se por outro, o Estado dispusesse de instrumentos de avaliação, de
acompanhamento e de controlo mais eficazes deste modelo de contratação.
A utilização deste instrumento pode trazer virtualidades para o Estado, mas apenas se for efetuado com a
máxima transparência e com absoluto rigor.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É uma questão de fé!
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — E é pela aposta e obrigação de transparência que apresentamos este
projeto de resolução com propostas concretas e importantes na defesa dos contribuintes portugueses.
Tendo em consideração os elevados encargos destes projetos e sendo eles, na sua maioria, assumidos
pelas gerações futuras, as contratações em regime PPP devem ser sempre submetidas à Assembleia da
República para discussão prévia e consequente aprovação, assim como deve ser obrigatória a comprovação
da comportabilidade orçamental dos seus projetos.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Muito bem!
O Sr. Sérgio Azevedo (PSD): — Acreditamos que apenas um Estado forte poderá dar uma resposta
satisfatória no processo de contratação, acompanhamento e controlo neste tipo de contratação e, por isso,
defendemos que o Estado deve munir-se de quadros técnicos qualificados e com experiência neste tipo de
contratação por forma a fortalecer a sua posição negocial com os parceiros privados.
O Estado deve criar condições para um sistema de regulação mais independente, mais transparente, mais
eficiente e mais eficaz dos projetos PPP e que devem, simultaneamente, garantir um acompanhamento
periódico e efetivo dos projetos PPP, obrigando à elaboração de relatórios regulares sobre o desenvolvimento
do projeto e as suas implicações.
Mas no que diz respeito a mais transparência e mais rigor, entendemos que o Governo e as entidades
públicas envolvidas devem tornar público e de fácil consulta a todos os cidadãos todos os processos
negociais, contratos, estudos, relatórios de reguladores, relatórios de fiscalizadores, pedidos de reequilíbrios
financeiros e demais informação sobre estes projetos.
Assim como também é urgente criar no Parlamento português um acompanhamento regular de todos estes
contratos, que permita, entre outros objetivos, o escrutínio público adequado de todos os elementos
administrativos e processuais sobre contratação, alterações contratuais, negociações, reequilíbrios financeiros
e monitorização de contratos de concessão e de PPP. Uma missão que, sem custos para o contribuinte, possa
integrar, por exemplo, a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental).
Para isso, torna-se imprescindível que seja obrigatório o envio para o Parlamento da documentação
necessária para o efeito, assim como se torna obrigatório a apresentação anual da Lei de Programação das
Infraestruturas.