I SÉRIE — NÚMERO 93
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Pergunto o que se há de dizer de uma dívida em que temos esta situação de quanto mais pagamos mais
devemos. A resposta é que a dívida é insustentável e não há leilão da dívida pública, nem ilusões vendidas em
torno desse leilão, que contestem este facto.
A dívida pública é insustentável e só há um caminho, que é a sua renegociação nos juros, prazos e
montantes, tal como o PCP vem propondo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — O Sr. Deputado também se referiu às questões económicas insistindo naquela
campanha dos sinais positivos que o Governo anda a desencadear há alguns meses para tentar evitar uma
derrota clamorosa nas eleições do dia 25 de maio, o que não conseguiu, e também para justificar as políticas
de exploração e de empobrecimento.
Mas o Sr. Deputado Mendes Bota, da tribuna, escamoteou um dado muito importante: que, no primeiro
trimestre de 2014, o PIB recuou relativamente ao quarto trimestre de 2013, ou seja, a economia voltou a
contrair-se e o PIB diminuiu. E o Sr. Deputado, apesar deste facto recente, que tem dias, continuou a insistir
na campanha dos sinais positivos de que a economia está a crescer e de que tudo vai bem.
O Sr. Deputado Mendes Bota referiu-se ao regular funcionamento das instituições. Sr. Deputado, o
Governo viola a Constituição da República Portuguesa, o Governo chantageia e pressiona o Tribunal
Constitucional, o Governo ataca os juízes do Tribunal Constitucional, o Governo recusa-se a aplicar as
decisões do Tribunal Constitucional, o Governo tenta instrumentalizar a Assembleia da República para
confrontar outro órgão de soberania e o Sr. Deputado tem o descaramento — permita-me que lhe diga assim
— de vir aqui falar em lealdade institucional?!
Perante toda esta atitude do Governo, como é possível defender a posição de que não está comprometido
o regular funcionamento das instituições e que o Governo não deve ser demitido? Não é possível, Sr.
Deputado! Este Governo deve mesmo ser demitido porque, para além de não ter legitimidade para se manter
em funções, compromete o regular funcionamento das instituições.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder em conjunto, tem a palavra o Sr. Deputado Mendes
Bota.
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr.ª Presidente, começo por responder, em primeiro lugar, ao Sr. Deputado
António Braga, do Partido Socialista, enfatizando uma questão que, penso, o vosso partido não valoriza
devidamente.
Só é possível ir aos mercados financeiros e ter o sucesso como o de hoje de manhã, sem rede, pela
primeira vez sem sindicato bancário, se houver um Estado que tenha readquirido a sua credibilidade, e a
credibilidade só se readquire quando se cumprem os compromissos,…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — O Governo só se preocupa com os compromissos com os banqueiros!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — … mesmo arrostando enormes sacrifícios que o povo português fez e que,
acho, toda a oposição não valoriza devidamente, quando está permanentemente a desvalorizar aqueles que
são os resultados de uma política de austeridade, mas que teve um rumo, que foi recuperar a credibilidade do
Estado que permite, de novo, refinanciar-se lá fora para poder sustentar a sua dívida pública.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Mendes Bota (PSD): — Várias bancadas falaram da dívida pública e disseram que ela cresceu.
Queria dizer o seguinte: em março de 2005, a dívida pública era de 62,5% do PIB…